sexta-feira, 27 de setembro de 2013

WENDY NO DIVÃ: O CHAPELEIRO LOUCO



Com a recente mudança gráfica e editorial da revista LER, também as «Leituras Miúdas» sofreram uma reviravolta. Menos crítica, menos texto, menos páginas, como em toda a revista, mas algumas novas secções que me estão a dar muito gozo escrever. «Wendy no divã» é uma delas. Onde se fala das perturbações mentais e casos patológicos dos personagens da literatura infanto-juvenil (e são quase todos!). Noblesse oblige, coube ao Chapeleiro Louco abrir as hostilidades. Para a semana, chega o Lobo Mau.


Chapeleiro Louco 
É um caso grave de psicose partilhada, talvez originada pelo abuso de chá. Não há remissão possível para quem tenta reparar um relógio com manteiga.

A expressão «louco como um chapeleiro» já existia antes de Lewis Carroll ter escrito o capítulo sete de Alice no País das Maravilhas. Contudo, os sintomas patológicos causados por intoxicação com mercúrio, metal outrora usado na confecção de chapéus, não coincidem com o quadro clínico psicótico do Chapeleiro Louco. É muito possível que tenha sido inspirado na figura de Theophilus Carter, um comerciante excêntrico, contemporâneo de Carroll, que inventou um relógio de cabeceira com sistema de alarme. Tal explicaria a obsessão do personagem com o tempo e a hora do chá: «Agora são sempre seis horas», diz, deixando Alice à beira de um ataque de nervos. Com a Lebre de Março e o Arganaz, companheiros de delírio, é um caso evidente de folie à trois, ou psicose partilhada. Proferiu um enigma esfíngico, exemplar do espírito nonsense: «Em que é que um corvo se parece com uma escrivaninha?» Desde a publicação do livro, em 1865, surgiram inúmeras respostas. O Chapeleiro ri-se.

terça-feira, 24 de setembro de 2013

NO LABORATÓRIO COM RODOLFO CASTRO



Recomendo este Laboratório de Contadores de Histórias do Rodolfo Castro porque já o fiz. Aprendi muito – não só com o Rodolfo mas com todo o grupo – aspectos importantes da selecção e adaptação dos contos às exigências do contar, e sobre como podemos trazer à superfície o que é próprio de nós, da nossa forma de nos movimentarmos no mundo e da maneira como o comunicamos. Foram horas muito enriquecedoras e muito bem passadas – e não importa se se é um contador experimentado ou apenas um curioso na matéria. Vai acontecer em Lisboa, na Biblioteca Camões, aos sábados, das 10h00 às 17h00, nos dias 12 e 26 de Outubro e 9 e 23 de Novembro. Informações e inscrições pelo email habitantedoconto@gmail.com.

segunda-feira, 23 de setembro de 2013

LOBO E KARATECA VÃO ATÉ AVEIRO


Na próxima sexta-feira, às 18h00, o Lobo encontra-se com a Karateca, na livraria Gigões & Anantes (Aveiro). Vai ser uma luta renhida entre duas espécies diferentes ou, pelo contrário, descobrirão que podem entrar no mesmo programa BBC Vida Selvagem? Isabel Minhós Martins, editora do Planeta Tangerina, também estará presente neste encontro inédito entre o Lobo e a Karateca! Não percam!

sexta-feira, 20 de setembro de 2013

ELAS CONTAM COM ELAS

 
Mais uma iniciativa da Fundação José Saramago, em parceria com a editora Boca – palavras que alimentam: sessões bimestrais de contadores de histórias com entrada livre (nos limites da lotação da sala). A primeira acontece hoje, na Casa dos Bicos, às 18h30. Ana Sofia Paiva, Cláudia Fonseca e Cristina Taquelim abrem as hostilidades. Ver aqui os pormenores.

NOVIDADES NA ORFEU MINI



O primeiro livro de Oliver Jeffers, How to Catch a Star, publicado em 2004, chega agora à colecção Orfeu Mini para fazer companhia aos outros seis títulos do autor. E chega também um livro de grande formato que vai pôr toda a gente a contar pinguins...

quinta-feira, 19 de setembro de 2013

NOVA PÓS-GRADUAÇÃO EM LITERATURA INFANTO-JUVENIL


A Escola Superior de Educação Jean Piaget, em Almada, vai abrir este ano a Pós-Graduação em Literatura Infanto-Juvenil, com duração de um semestre. Se tudo correr conforme o previsto, farei parte de uma excelente equipa. Encontram o link com o plano de estudos aqui.

Informações e inscrições:
dir.ese.almada@almada.ipiaget.org
Secretariado: Isabel Cruz
Tel. 21 294 62 60

ou

Doutora Paula Pina
ppina@almada.piaget.org
Tel. 21 294 62 50 (ext. 300, gabinete B8)

NOVO LIVRO NA TCHARAN


Com texto de Adélia Carvalho e ilustrações de Marta Madureira, O Rei Vai à Caça é o novo livro da editora Tcharan. Por enquanto é o que podemos dizer... e sabe a pouco. Quem puder ir ao lançamento, este sábado, no Porto, vai com certeza ficar a saber de tudo e ainda ter direito a ver as ilustrações originais em exposição na Papa-Livros (clicar no convite para saber pormenores). 

quarta-feira, 18 de setembro de 2013

ETERNA BIBLIOTECA, ETERNOS LEITORES

Pelo que percebi, foram unânimes as opiniões quanto à qualidade e critério do 11º encontro ETerna Biblioteca, que aconteceu sexta-feira e sábado, em Sintra. Eu também adorei estar presente. De cima para baixo: atelier «As Cozinheiras de Livros» de Margarida Botelho, pelo Teatro de Marionetas Valdevinos; Raquel Camacho, uma das responsáveis pela organização, junto à Cabeçudos - Livraria Itinerante; conversa à volta do tema «A importância da biblioteca na minha vida», com Valério Romão (escritor), Mariana Norton (actriz e cantora), Nuno Costa Santos (escritor e argumentista), Rui Andrade (Livraria Cabeçudos) e aqui a "je", ao meio, na moderação; atelier «Dançando com as palavras», de Lucrécia Alves. As fotografias são de Pedro Tomé e roubei-as à página da ETerna Biblioteca no Facebook.

segunda-feira, 16 de setembro de 2013

domingo, 15 de setembro de 2013

GRANDES VERDADES À DISPOSIÇÃO NO FACEBOOK


«Um bom sofrimento é terapêutico.» Ouvi esta frase há um ror de anos, num programa de rádio que Fernando Alves, jornalista da TSF, mantinha com o psicanalista Carlos Amaral Dias. Ficou-me para sempre. Na altura, tinha um namorado meio pateta que se riu ao ouvir aquilo («Que estupidez. Como é que um sofrimento pode ser bom?»). Mas um sofrimento pode ser bom quando é sincero, autêntico, from the guts; aí, não só é bom como necessário, porque pior do que tudo é esse fazer de conta como modo de vida. Morre-se disso e nem sequer se sabe. Custa-me a crer que aqueles humores atirados de repente para o Facebook, à espera de palmadinhas nas costas ou comentários cínicos, sejam sofrimentos autênticos, porque «um bom sofrimento» reserva-se, não se partilha com toda a gente nem se consola com tão pouco. O Tom Waits tem razão. O mundo pode ser um lugar terrível - e muitas vezes é -, mas precisamos de ser os melhores editores dos nossos sofrimentos. Sempre.

sábado, 14 de setembro de 2013

UMA ÁRVORE COM MUITAS FOLHAS



Hoje à tarde, em Sintra, quase a fechar o 11º encontro ETerna Biblioteca, tive o gosto (muito gosto, mesmo) de moderar uma conversa sobre "a importância da biblioteca nas nossas vidas". Lá estiveram os escritores Valério Romão e Nuno Costa Santos, a cantora e actriz Mariana Norton, e Rui Andrade, um dos responsáveis da Livraria Cabeçudos, também presente em formato itinerante (por esta hora, talvez ainda esteja estacionada junto ao Palácio da Vila. Foi ele quem nos apresentou este pequeno video de cinco minutos, realizado em associação com o Agrupamento de Escolas de Aviz. Onde aparece este miúdo entusiasta, que às tantas diz: "A imaginação é uma árvore com muitas folhas" (gestos alusivos a acompanhar). Maravilha. Vejam.

sexta-feira, 13 de setembro de 2013

PRÉMIO MARIA ROSA COLAÇO 2012


Conceição Dinis Tomé ganhou o Prémio Maria Rosa Colaço 2012, atribuído pela Câmara Municipal de Almada (dedicado à modalidade de literatura juvenil, nesta edição). Passado na ultrajante Alemanha de Hitler, O Caderno do Avô Heinrich foi agora lançado pela Editorial Presença. Um breve relance - porque ainda não houve tempo para mais - sugere-nos uma escrita limpa e um pensamento amadurecido. Promete. Para quem quiser saber mais sobre a autora, deixo um excerto do press:«Conceição Diniz Tomé nasceu em Vila Nova de Famalicão, em 1970. Formou-se no ensino de Português-Francês e atualmente é professora bibliotecária no Agrupamento de Escolas Viseu Sul. É autora dos contos infantis A Lua e o Pirilampo (2003) e História do Rapaz Que Se Tornou Fazedor de Estrelas (vencedor do Concurso de Literatura Infanto-Juvenil/Prémio Centro Cultural do Alto Minho, em 2009). Colaborou na antologia Histórias para Um Natal (2004) com o conto Manhã de Natal».

quinta-feira, 12 de setembro de 2013

UM LIVRO É UMA PORTA ABERTA


«Um livro é uma porta para dentro de ti mesmo.» Ilustração de Paulo Galindro para o 11º encontro ETerna Biblioteca, amanhã e depois, em Sintra. Vou estar aqui.

quarta-feira, 11 de setembro de 2013

NO CENTENÁRIO DE ILSE LOSA


A Biblioteca Nacional inaugurou esta semana uma pequena mostra bibliográfica de Ilse Losa (n. Bauer, 20 de Março de 1913), escritora de origem alemã e ascendência judia que se fixou em Portugal em 1934, até falecer no Porto a 6 de Janeiro de 2006. Tradutora do Diário de Anne Frank, mundo opressor que conheceu de perto, Ilse Losa experimentou quase todos os géneros, tendo sido reconhecida pelo seu contributo para a literatura para crianças com o Prémio Calouste Gulbenkian de 1984. O Mundo em que Vivi (Maranus, 1949), Beatriz e o Plátano (Asa, 1976) e Silka (Livros Horizonte, 1984) são livros incontornáveis e de uma beleza desassombrada, que não envelheceram nem um pouco. Escrita «de sobressalto», disse-o Vitorino Nemésio. A exposição prolonga-se até 16 de Novembro. Ver mais aqui.

sexta-feira, 6 de setembro de 2013

RENTRÉE 2013: ALGUMAS NOVIDADES




Já falei aqui da reedição da História da Égua Branca, mas ontem soube do próximo título a publicar na colecção Assirinha (Assírio & Alvim). E promete! Trata-se de uma homenagem de Álvaro Magalhães ao seu grande amigo Manuel António Pina, ilustrada por Luiz Darocha, aqui num registo totalmente diferente de A Princesa e a Loba, de Ana Folhadela, também editado pela A&A. Segundo o comunicado de imprensa: «O Senhor Pina é um conjunto de dezasseis ficções que erguem um retrato íntimo, sensível e muito bem-humorado do poeta Manuel António Pina, desde o seu modo peculiar de olhar e viver a vida e a literatura até à sua relação com Joanica-Puff, o Urso com Poucos Miolos que ele tanto admirava.» Outra novidade apetecível, de que falarei mais tarde com o devido pormenor, é Trocado Por Miúdos, um projecto editorial em que especialistas reconhecidos de muitas áreas (com destaque para as Ciências) respondem a perguntas feitas por crianças portuguesas entre os 6 e os 12 anos. Last but not least, aí está o segundo volume da segunda série da colecção Cherub, que já saiu em final de Agosto mas que também faz parte das novidades da Porto Editora para esta rentrée.

quinta-feira, 5 de setembro de 2013

BIBLIOTECAS DO NOSSO CONTENTAMENTO


De amanhã a oito, 13 e 14 de Setembro, começa o 11º Encontro de Professores e Educadores do Concelho de Sintra sobre Bibliotecas Escolares, mais conhecido por ETerna Biblioteca. As actividades dividem-se entre o Hotel Tivoli Sintra e a Biblioteca Municipal - Casa Mantero. As inscrições são gratuitas (aqui) e o programa é o que podem ver acima (e também no Facebook). Like, like, like.

quarta-feira, 4 de setembro de 2013

HISTÓRIA DA ÉGUA BRANCA POR CRISTINA VALADAS



No início, parece uma história de matriz tradicional, seguindo o modelo do pai que reparte a herança entre três filhos e deles espera as provas necessárias. Só que, a caminho do final, Eugénio de Andrade imprimiu-lhe uma crueza de linguagem e um volte-face moral que tornou o texto algo difícil (ou «desafiante», como agora se diz) de ilustrar. A História da Égua Branca é reeditada pela Assírio & Alvim, agora com ilustrações de Cristina Valadas, chegando às livrarias esta semana. Ainda não a vimos, mas estamos curiosos para comparar com a anterior edição da Campo das Letras, ilustrada por Joana Quental.