sexta-feira, 27 de fevereiro de 2015

CASUAL FRIDAY


«O Pato Lógico e a Imprensa Nacional-Casa da Moeda convidam-no para a finissage da exposição sobre a colecção “Grandes Vidas Portuguesas”, dia 27 de Fevereiro, sexta-feira, pelas 18 horas, na loja-livraria da INCM, na Rua D. Filipa de Vilhena 12, em Lisboa.

Os títulos Fernando Pessoa, o Menino que era muitos Poetas, ilustrado por João Fazenda, Almada Negreiros, Viva o Almada, Pim!, por Tiago Albuquerque, Salgueiro Maia, o Homem do Tanque da Liberdade, por António Jorge Gonçalves, e Aníbal Milhais, o Herói chamado Milhões, por Nuno Saraiva, todos com textos de José Jorge Letria, estreiam a coleção que terá novos biografados brevemente.

O evento conta com a presença dos autores José Jorge Letria, Nuno Saraiva, Tiago Albuquerque e António Jorge Gonçalves, e encerra a exposição em Lisboa, patente desde finais de Dezembro, com a próxima paragem já marcada para o Porto.»

Fonte: Editora Pato Lógico.

(PS - Entre os «novos biografados» está Ana de Castro Osório, uma senhora que combateu em muitas frentes, também pela divulgação da literatura. É um dos próximos títulos desta coleção, com texto meu e ilustrações de Marta Monteiro, como contei aqui.)

terça-feira, 24 de fevereiro de 2015

QUE LUZ ESTARIAS A LER?


Não foi propositado, mas o post de ontem tem tudo a ver com este livro que vai ser apresentado publicamente, em Lisboa: Que Luz Estarias a Ler?, de João Pedro Mésseder (texto) e Ana Biscaia (ilustração), é um testemunho e uma homenagem ao morticínio ocorrido na Faixa de Gaza, entre Julho e Agosto de 2014. As crianças mortas em cenários de guerra, transformadas em bombas suicidas e exploradas em todos os sentidos são o produto de uma psicopatia colectiva que todos os dias atinge novos limites, porque a maldade humana provém de um poço sem fundo. Ter consciência e presença é o mínimo que podemos fazer para não participar nesta barbárie. Para saber mais sobre o livro, eis aqui um bom artigo do Público e uma peça na RTP Notícias. A apresentação decorre mais logo, às 18h30, na Galeria Abysmo, com apresentação de Bruno Monteiro, investigador e ensaísta.

segunda-feira, 23 de fevereiro de 2015

THE CHILD AND THE BOOK EM AVEIRO


Para tomar nota: The Child and the Book Conference: Children's Literature - Fractures and Disruptions. De 26 a 28 de Março, a Universidade de Aveiro oferece uma excelente oportunidade de discutir questões fulcrais para a compreensão e evolução do livro para crianças, quer na perspectiva de quem o faz (escritores, ilustradores, tradutores, editores...) como de quem tem a responsabilidade de transmitir e produzir conhecimento científico sobre esta convulsiva matéria. Os temas em debate reflectem a época que atravessamos: violência, guerra, política, pobreza, desastres naturais, exílio, refugiados, racismo, religião, terrorismo, fluxos migratórios... Para quem pensa que os livros para crianças se ocupam de animais queriduchos e famílias felizes, pode parecer estranho, mas muitos livros estão aí para provar o contrário. Portugal não é um caso extremo de intolerância, mas nos Estados Unidos há largas centenas de livros proibidos em escolas e bibliotecas. Claro, é mais fácil enterrar a cabeça na areia e viver no «mundo la la la». Ana Saldanha, Richard Zimmler e Madalena Matoso (Planeta Tangerina) fazem parte do painel de comunicadores. E saúda-se o regresso a Portugal de Sandra Lee Beckett, que tivemos o gosto de ouvir na Gulbenkian, em 2009, a propósito da literatura crossover. Programa completo, biografias, inscrições e tudo o resto: aqui.

quarta-feira, 18 de fevereiro de 2015

ADEUS, PRINCESAS


Estão desde manhã a cortar os três choupos gigantes que havia na minha rua. Odeio o barulho das serras mecânicas. Odeio trabalhar em casa.

(Fotografia retirada daqui)

SEMINÁRIO SOBRE TERAPIA PELOS CONTOS


«Os contos são uma medicina», afirmou a escritora e psicanalista jungiana Clarissa Pinkola Estés, autora do best-seller Mulheres que Correm com os Lobos e presença constante no Jardim Assombrado (por exemplo, aqui, aqui e aqui). Que em Portugal alguém se tenha lembrado de a convidar para um seminário internacional parece-me um feito extraordinário; é mais ou menos como pedir à Rainha de Inglaterra que apareça para tomar um chá em nossa casa... Clarissa não virá, por razões de agenda, mas o seminário sobre o uso terapêutico dos contos, com contribuições vindas da literatura, da educação, da psicanálise, da arte-terapia e da narração oral, acontece já daqui a três semanas, em Sintra. O cenário não podia ser melhor. A organização é da Moonluza, com o apoio do IELT - Instituto de Estudos de Literatura Tradicional, entre outras entidades. As inscrições para as conferências e/ou workshops podem ser feitas aqui, na modalidade de um dia (25 €) ou três dias (45 €). Como é óbvio, lá estarei!

sexta-feira, 13 de fevereiro de 2015

É ENTÃO ISTO UMA CRIANÇA?


Algumas proposições com crianças

A criança está completamente imersa na infância
a criança não sabe que há-de fazer da infância
a criança coincide com a infância
a criança deixa-se invadir pela infância como pelo sono
deixa cair a cabeça e voga na infância
a criança mergulha na infância como no mar
a infância é o elemento da criança como a água
é o elemento próprio do peixe
a criança não sabe que pertence à terra
a sabedoria da criança é não saber que morre
a criança morre na adolescência
Se foste criança diz-me a cor do teu país
Eu te digo que o meu era da cor do bibe
e tinha o tamanho de um pau de giz
Naquele tempo tudo acontecia pela primeira vez
Ainda hoje trago os cheiros no nariz
Senhor que a minha vida seja permitir a infância
embora nunca mais eu saiba como ela se diz

Ruy Belo, in 'Homem de Palavra[s]'

quinta-feira, 12 de fevereiro de 2015

SAIR DA SOMBRA



Quando falei (aqui e aqui) da Marta Monteiro e deste picture book sem texto («álbum puro», se quiserem) editado em 2013 pela Pato Lógico, Sombras, estava longe de imaginar que iria fazer um livro com ela. Mas a admiração e a empatia, ultrapassando a mera avaliação estética, para a qual não tenho unhas suficientes, foram imediatas. E reincidentes. Não a conhecia pessoalmente, mas soube desde logo que haveria de fazer um livro com ela; ou, pelo menos, fazer tudo o que pudesse para que isso acontecesse. Pouco depois, surgiu a oportunidade de colaborarmos na biografia de Ana de Castro Osório para a colecção da Pato Lógico, que também deverá sair em breve. Logo a seguir, pus as botas à estrada e rumei ao Porto, para a convencer a ilustrar um novo picture book para a Caminho (o quinto, três anos depois do Onde Moram as Casas). Sabia que precisava de um olhar poético e delicado, mas não atmosférico nem abstracto. Queria mostrar o texto, como num filme, como numa fotografia de família. Juntas, trabalhámos (quer dizer: a Marta trabalhou, eu dei algumas ideias) na construção de cenários que ilustram - no verdadeiro sentido do termo - o quotidiano de várias famílias contemporâneas à volta do mundo; famílias muito diferentes, cujo ponto em comum será, entre outros, a valorização do amor e da ética do cuidar. Cada vez mais, temos de encontrar modelos «fora do modelo» que amparem a nossa fome de sentido, de apoio e de respeito mútuo. Porque acredito que um escritor de livros «para» crianças deve estar em sintonia com o seu tempo, também acredito muito neste livro, justamente chamado Amores de Família. Daqui a umas semanas já o poderão ver e folhear. 

quarta-feira, 11 de fevereiro de 2015

UM LIVRO NOVO A CAMINHO


Com ilustrações da maravilhosa (pessoa e ilustradora) Marta Monteiro e a chancela da Editorial Caminho, este é um livro sobre.................................................. (e mais não digo). Quase a entrar para a gráfica. Muito feliz. Stop.

sábado, 7 de fevereiro de 2015

EU ESPERO... DAVIDE CALI


Cabe-lhes a palavra na conferência de abertura do colóquio É Então isto Para Crianças - Criações para a infância e a juventude, que acontece segunda e terça na Fundação Calouste Gulbenkian, em Lisboa. Davide Cali e Serge Bloch são os autores do indispensável Eu Espero..., o segundo livro publicado pela Bruaá no já longínquo ano de 2008 (como toda a gente é capaz de notar, o tempo acelerou-se desde então... ou fomos nós que atrasámos o passo). Não sei se David Cali se considera «um escritor que também ilustra», tal como Edward Gorey - com quem partilha a excentricidade e o bigode - mas essa é uma das perguntas que lhe quero fazer, na mesa que me cabe moderar logo a seguir. Até porque mestre Gorey, autor muito estimado neste jardim, como alguns saberão, partilha do humor nonsense e um nadinha perverso que atravessa Não Fiz os Trabalhos de Casa Porque..., acabado de publicar pela Orfeu Negro, com ilustrações de Bensamin Chaud (o mesmo de A Cantiga do Urso). É um novo título de Davide Cali a juntar-se aos que já saíram noutras editoras: Livros Horizonte, Gato na Lua, Planeta Tangerina e Bruaá. Ainda faltam umas dezenas, mas esperemos que cá cheguem. Entretanto, vale a pena ler a entrevista ao escritor e ilustrador, realizada por Pedro Miguel Silva para o Deus Me Livro.

sexta-feira, 6 de fevereiro de 2015

DESDE HOJE NAS LIVRARIAS


Um Homem e o Seu Cão é a comovente história da relação de Thomas Mann com o seu perdigueiro alemão. Desde o primeiro encontro, numa quinta, Mann conta como gradualmente começa a amar este animal inteligente, leal e cheio de energia. Durante os seus passeios diários, Mann começa a compreender e apreciar Bauschan enquanto ser vivo, testemunha o seu prazer em caçar lebres e esquilos e as suas meticulosas inspeções a pedras, galhos e folhas húmidas. Mann reflete sobre a vida interior do animal e maravilha-se com a facilidade com que ele confia totalmente em si, pondo a sua vida nas mãos do dono.

Os dois desenvolvem uma compreensão mútua com o passar do tempo, mas Mann ganha também consciência de uma divisão intransponível que os separa. E, como em todas as relações, existem momentos de tensão, frustração ou desilusão, mas que são sempre superados por uma ligação íntima, profunda e de grande amizade entre os dois.




Thomas Mann é um dos maiores romancistas do século XX. Nasceu na Alemanha, em 1875, e recebeu o Prémio Nobel em 1929. Deixou a Alemanha quando Hitler subiu ao poder, primeiro para viver na Suíça e depois nos Estados Unidos, tendo-se tornado cidadão americano em 1936. É autor de obras-primas como A Montanha Mágica, A Morte em Veneza, Os Buddenbrook e Doutor Fausto. Morreu em Zurique em 1955, aos oitenta anos.

Fonte: Bertrand

AS VOZES DELAS E DELES



Amanhã, na Fundação Calouste Gulbenkian, escolhem-se os vencedores do concurso Dá Voz à Letra, que pôs centenas de adolescentes a ler para outros ouvirem. E como é curioso constatar as diferenças entre cada um dos dez finalistas, uns mais dramáticos (elas), outros mais contidos, mas todos capazes de atingir uma fluência notável. Sei que não vou influenciar o júri, por isso deixo aqui o video da minha «favorita», Maria Matilde Anjos, de 15 anos, leitora do poema Nem Tudo é Fácil, de Cecília Meireles. A empatia com o texto é notória.