domingo, 5 de outubro de 2008
ESPERAR NÃO É UM VERBO PARADO
Não sei se até ao fim do ano irá aparecer algum livro tão bonito quanto este... O texto está na secção "Leituras Miúdas" da LER nº 73, que espero encontrar amanhã nas bancas.
Eu Espero…
Davide Cali
Ilustrações de Sergi Bloch
Bruaá
Se as ilustrações de The Dangerous Alphabet fascinam pelo seu excesso dantesco, o trabalho de Sergi Bloch em Eu Espero… é um belo exercício de minimalismo eloquente. Simples desenhos a traço negro, próximos do cartoon, subtilmente assinalados por um pedaço de fio vermelho fotografado em cima da página. Este elemento visual é, ao mesmo tempo, o fio condutor da história e a expressão do seu significado maior – o fio de vida, fio vital, fio dos dias. O formato rectangular e alongado, pouco comum, reverte para a mesma ideia de continuidade. Primeiro, nascemos e esperamos crescer. Esperamos que o bolo fique pronto, que a chuva pare, que o Natal chegue depressa. Quando crescemos e tudo se complica, queremos descobrir o fio da meada. A guerra deixa-nos no fio. O amor permite-nos reconstituir a vida, fio a fio. Às vezes ficamos doentes, por um fio. Morrer, é dar os fios à teia. No fim, há ainda muito fio por desenrolar. Quem disse que «esperar» é um verbo parado? Da Bruaá, a editora que este ano nos trouxe A Árvore Generosa, aí está mais um livro precioso para todas as idades.
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