James Joyce também escreveu um livro para crianças; ou melhor, escreveu uma história dedicada ao neto, Stephen James Joyce, que incluiu numa carta enviada de Villers-sur-Mer (França), com data de 10 de Agosto de 1936. Mais tarde foi transposta para livro e publicada na Grã-Bretanha pela Faber and Faber, em 1965. Chama-se The Cat and the Devil e a edição original não é fácil de encontrar, ao que me explicaram no James Joyce Centre, em Dublin (está neste momento à venda um exemplar na Amazon por 76 libras). Ali, no meio de uma série de livros joyceanos para serem lidos e manuseados à vontade, encontra-se uma versão muito mais recente, com ilustrações de Roger Blachon. O conto de O Gato e o Diabo, de matriz popular, conhece inúmeras versões, incluindo em Portugal. É a velha história de como os homens conseguem enganar o Diabo, com um pouco de vigarice e esperteza saloia. Começa assim: “My dear Stevie…”
Havia uma cidadezinha medieval na margem do Loire chamada Beaugency, onde os habitantes pareciam viver felizes e tranquilos. Só lhes faltava uma coisa: uma ponte para atravessar o rio. Assim que o Diabo soube (porque o Diabo “está sempre a ler jornais”, lembra Joyce), foi ter com o emproado presidente da Câmara, a quem prometeu construir a ponte numa só noite. E quanto dinheiro queria por isso? Nenhum. Só a alma da primeira pessoa que por ali passasse. Muito bem, disse ele, todo contente. No dia seguinte a ponte estava construída, mas ninguém se atrevia a atravessá-la, porque o Diabo também lá estava de pé firme. Chegou então o Presidente da Câmara, com um gato ao colo e um balde de água, que despejou em cima do animal, fazendo-o correr disparado em direcção aos braços do Diabo. E o Diabo ficou zangado; não com o gato, a quem tratou como gente, mas com a falta de palavra do povo e do presidente da Câmara de Beaugency.
PS - A partir daí, o Diabo nunca mais quis ajudar em obras públicas. É isso que explica por que razão estas demoram tanto tempo a ser concluídas. Esta história também desmente o dito popular segundo o qual os animais, “tirando a alma, são como nós”. Na verdade, são melhores do que nós.
Havia uma cidadezinha medieval na margem do Loire chamada Beaugency, onde os habitantes pareciam viver felizes e tranquilos. Só lhes faltava uma coisa: uma ponte para atravessar o rio. Assim que o Diabo soube (porque o Diabo “está sempre a ler jornais”, lembra Joyce), foi ter com o emproado presidente da Câmara, a quem prometeu construir a ponte numa só noite. E quanto dinheiro queria por isso? Nenhum. Só a alma da primeira pessoa que por ali passasse. Muito bem, disse ele, todo contente. No dia seguinte a ponte estava construída, mas ninguém se atrevia a atravessá-la, porque o Diabo também lá estava de pé firme. Chegou então o Presidente da Câmara, com um gato ao colo e um balde de água, que despejou em cima do animal, fazendo-o correr disparado em direcção aos braços do Diabo. E o Diabo ficou zangado; não com o gato, a quem tratou como gente, mas com a falta de palavra do povo e do presidente da Câmara de Beaugency.
PS - A partir daí, o Diabo nunca mais quis ajudar em obras públicas. É isso que explica por que razão estas demoram tanto tempo a ser concluídas. Esta história também desmente o dito popular segundo o qual os animais, “tirando a alma, são como nós”. Na verdade, são melhores do que nós.
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