quinta-feira, 30 de outubro de 2008

QUANDO OS ESCRITORES VENDEM

O tempo convida a trabalhar em casa (aí está uma das vantagens de ser freelancer…), mas nunca me perdoaria ter perdido os títulos da imprensa de hoje. É um dia grande para a literatura portuguesa. Na Sábado, Miguel Esteves Cardoso faz capa com “O álcool, a droga e a nova vida”. O canto superior esquerdo da fotografia provocou-me uma sensação de déjà vu, mas não digo mais nada… Adiante. “Sousa Tavares ameaçado por 200 estivadores de Lisboa”, título do 24 Horas, excelente material de trabalho para um próximo gag dos Gato Fedorento. Por fim, a Visão, “Sobreviver a um AVC”, com a queridíssima Margarida Rebelo Pinto e o seu eterno sorriso postiço. Margarida diz que o AVC a fez «perder a paciência para o que não é importante», para redescobrir “as coisas boas da vida” e tornar-se “mais disponível para os outros”. Será esta a mesma Margarida que no Expresso desta semana se assumia “snobe e elitista” e detestava “aquelas pessoas que dizem vermelho e bom apetite” (e também, presumo, as que dizem “prenda”, “vivenda” e cumprimentam com dois beijos?). Claro que sim. Quando se trata de cuidar da imagem, há que saber o que dizer na altura certa, até porque a Margarida tem, diz ela, “uma intuição filha da puta! (no bom sentido)”. Nem quero imaginar o que seria no mau sentido. Mas sempre gostava de saber que critérios editoriais presidem a um artigo sobre acidentes vasculares cerebrais que abre com uma fotografia de página dupla (!) da autora de Sei Lá, bem penteada, maquilhada e vestida de vermelho (perdão, encarnado!), quando os outros entrevistados aparecem todos com um ar tristonho e combalido. Caramba. Até parece que estão doentes.

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