A cadeira de Ilustração do curso de Pós-Graduação em Livro Infantil, que abriu este ano na Universidade Católica Portuguesa, é dada pela Danuta Wojciechowska. Dispensa apresentações, como se costuma dizer. No outro dia, pediu-nos que imaginássemos uma história em poucas páginas, pondo os materiais, os cortes e as texturas a falar no lugar das palavras. Escolhi cartolina vermelha e preta, papel reciclado, papel de embrulhar flores a imitar raízes e uma folha de acetato transparente, entre outras coisas. Foi a primeira vez que fiz um livro do princípio ao fim, enquanto me lembrava do poema do Herberto Helder:
No deserto,
vi uma criatura nua, brutal,
que de cócoras na terra
tinha o seu próprio coração
nas mãos, e comia…
Disse-lhe: “É bom, amigo?”
“É amargo – respondeu –,
amargo, mas gosto
porque é amargo
e porque é o meu coração.
(As Magias, ed. Assírio & Alvim)
No deserto,
vi uma criatura nua, brutal,
que de cócoras na terra
tinha o seu próprio coração
nas mãos, e comia…
Disse-lhe: “É bom, amigo?”
“É amargo – respondeu –,
amargo, mas gosto
porque é amargo
e porque é o meu coração.
(As Magias, ed. Assírio & Alvim)
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