The Mistery of the Fool and the Vanisher estava na secção de livros para crianças de uma livraria anódina em Dublin, mas poderia também encontrar-se junto à fotografia ou à banda desenhada, pelo menos. É uma novela gráfica absolutamente fascinante, que leva até aos limites o conceito de “suspensão da descrença”. Porque tendemos a acreditar na fotografia, tomando-a como prova fidedigna da realidade, torna-se difícil (querer) distinguir aqui o verdadeiro do falso, o autêntico do forjado. No limite, claro que tudo é invenção dos autores, David e Ruth Ellwand, mas a concepção do livro é tão engenhosa que balançamos na fronteira da verosimilhança. Fotografias actuais combinam-se com outras que imitam (?) processos antigos, como a daguerreotipia, e surgem pelo meio do texto objectos tão improváveis como uma armadura de conchas ou um capacete minúsculo feito de casca de caracol, com duas patas de ave incrustadas. Tudo rigorosamente legendado, como num livro técnico.
Sem querer contar demasiado, a história compreende dois tempos distintos, separados por mais de cem anos, e estrutura-se como um diário pessoal dentro de outro diário. O autor, fotógrafo, em passeio por uma região de bosques misteriosos (outros ou os mesmos de Conan Doyle ou Tolkien, Winnie-the-Pooh ou O Vento nos Salgueiros), encontra uma velha caixa numa casa em ruínas. Lá dentro, há vestígios de um mundo perdido: uma gravação de voz, uma máscara grotesca, um par de óculos com duas pedras furadas no lugar das lentes, uma série de objectos estranhos e um álbum-diário com velhas fotografias em tons de sépia. A caixa pertencia a Isaac Wilde, “artist and fairy seeker”, também ele fotógrafo, pouco recompensado financeiramente. Em Janeiro de 1889, Wilde é recrutado para um projecto de pesquisa arqueológica numa antiga mina abandonada, onde subsistem lendas e crenças populares acerca dessa espécie de seres elementais a que chamam “pixies”. Para o Dr. Gibson Gayle, director do projecto, as crenças não passam disso mesmo, e o seu comportamento crescerá em impaciência e desprezo para com Wilde. Enquanto um vê a fotografia como uma mera técnica ao serviço da ciência, o outro mergulha na obsessão de registar em daguerreótipo (o primeiro processo fotográfico que se impôs pelo rigor e qualidade) as evidências de um mundo paralelo habitado por “little people”. Os óculos funcionam como porta de passagem e guardam o seu perigo e o seu segredo, como se verá. Um ou mais desaparecimentos – daí o título, The Fool and The Vanisher – precipitam o final da história, passível de várias interpretações. Quem é “o louco” no meio disto tudo, é coisa que também não é fácil decidir.
The Mistery of the Fool and The Vanisher, de David e Ruth Ellwand, Walker Books, 2008.
À venda na Amazon. O trailer pode ser visto no You Tube.
Sem querer contar demasiado, a história compreende dois tempos distintos, separados por mais de cem anos, e estrutura-se como um diário pessoal dentro de outro diário. O autor, fotógrafo, em passeio por uma região de bosques misteriosos (outros ou os mesmos de Conan Doyle ou Tolkien, Winnie-the-Pooh ou O Vento nos Salgueiros), encontra uma velha caixa numa casa em ruínas. Lá dentro, há vestígios de um mundo perdido: uma gravação de voz, uma máscara grotesca, um par de óculos com duas pedras furadas no lugar das lentes, uma série de objectos estranhos e um álbum-diário com velhas fotografias em tons de sépia. A caixa pertencia a Isaac Wilde, “artist and fairy seeker”, também ele fotógrafo, pouco recompensado financeiramente. Em Janeiro de 1889, Wilde é recrutado para um projecto de pesquisa arqueológica numa antiga mina abandonada, onde subsistem lendas e crenças populares acerca dessa espécie de seres elementais a que chamam “pixies”. Para o Dr. Gibson Gayle, director do projecto, as crenças não passam disso mesmo, e o seu comportamento crescerá em impaciência e desprezo para com Wilde. Enquanto um vê a fotografia como uma mera técnica ao serviço da ciência, o outro mergulha na obsessão de registar em daguerreótipo (o primeiro processo fotográfico que se impôs pelo rigor e qualidade) as evidências de um mundo paralelo habitado por “little people”. Os óculos funcionam como porta de passagem e guardam o seu perigo e o seu segredo, como se verá. Um ou mais desaparecimentos – daí o título, The Fool and The Vanisher – precipitam o final da história, passível de várias interpretações. Quem é “o louco” no meio disto tudo, é coisa que também não é fácil decidir.
The Mistery of the Fool and The Vanisher, de David e Ruth Ellwand, Walker Books, 2008.
À venda na Amazon. O trailer pode ser visto no You Tube.
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