Não sei porquê, o caso do Magalhães censurado e agora o Courbet têm-me lembrado muito o Rifão Quotidiano, de Mário-Henrique Leiria. Não sei mesmo porquê. Já estamos outra vez no tempo delas? Das nêsperas. Quer dizer, das Velhas?
Uma nêspera
estava na cama
deitada
muito calada
a ver
o que acontecia
chegou a Velha
e disse
olha uma nêspera
e zás comeu-a
é o que acontece
às nêsperas
que ficam deitadas
caladas
a esperar
o que acontece
Uma nêspera
estava na cama
deitada
muito calada
a ver
o que acontecia
chegou a Velha
e disse
olha uma nêspera
e zás comeu-a
é o que acontece
às nêsperas
que ficam deitadas
caladas
a esperar
o que acontece
3 comentários:
Às vezes precisamos, mesmo, de ser "estrujões"...
Francisco Sousa
Pois é... Mas o lume está brando para fritadas.
Portugal é um país onde há liberdade.
Liberdade para punir quem se expressa contra o primeiro ministro.
Liberdade para impedir críticas humorísticas sobre computadores propagandísticos.
Liberdade para acusar de campanhas negras o que é óbvio.
Liberdade para se licenciar a qualquer custo em qualquer "universidade".
Liberdade para os gerentes bancários ganharem o que quizerem à custa dos depositantes --livremente ludibriados.
Liberdade acrescida para despedir trabalhadores.
Liberdade para legislar contra a Constituição, aumentando os custos nos cuidados de saúde -- ao invés de serem tendencialmente gratuitos.
Liberdade para censurar consagradas obras primas de arte, velhas de mais de um século.
Liberdade para, pedagogicamente, ocultar às crianças a sua "origem".
Liberdade para impôr, em concursos para lugares públicos, a leitura e a discussão, de textos do nosso novo e grande educador de massas, o primeiro ministro.
Liberdade para impôr o oportunismo, a desonestidade, a mesquinhez, a estupidez, a mentira.
A liberdade para se ser do Partido Socialista.
A liberdade para votar no partido -- dito -- socialista.
Ai liberdade, liberdade. Quem a tem chama-lhe sua...
João Ribeiro Santos
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