quarta-feira, 18 de fevereiro de 2009

O RAPAZ DO PIJAMA ÀS RISCAS


Não há surpresas na adaptação ao cinema de O Rapaz do Pijama às Riscas. Um casting correcto, um décor cuidado, um argumento adaptado com liberdade q.b., sem grandes infidelidades nem rasgos criativos que as justifiquem. Para quem leu o livro de John Boyne, o filme não acrescenta nada; vê-se bem, como se costuma dizer, embora os minutos finais façam recear a pior das cedências: a negação da tragédia que funciona como corolário moral da obra. Além da estranheza de ouvir nazis a falar num inglês impecável, o que não ajuda à “suspensão da descrença”, tudo o resto é demasiado realista. Não sei como foi a solução encontrada para português, mas, no original, o campo de Out-With e o Fury (equivalentes fonéticos de Auschwitz e Führer) faziam com que a história ressoasse como uma terrível efabulação, sem equivalente possível na realidade. Não é por acaso que John Boyne termina assim o livro:

“Of course all this happened a long time ago and nothing like that could ever happen again.
Not in this day and age.”

Há finais infelizes que, mesmo assim, nos sossegam. Não é o caso.

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