Não foi só a estreia na Feira do Livro Infantil de Bolonha que me fez voltar a Lisboa com um sorriso parvo de contentamento, que se prolongou durante vários dias até à aterragem no PQT (País Que Temos) ter terminado, algures num crash em letra de imprensa. Bolonha significou também uma semana esplêndida em casa do Stefano e Cecilia, meus primeiros hosts na rede CouchSurfing. Sem eles, nunca teria descoberto as especialidades da Sardenha, no Montesino; a melhor pizza de Bolonha, num restaurante de luzes florescentes, o Giubilo; ou a trattoria siciliana Da Maro, onde o exibicionismo do dono, um marmanjo moreno e musculado, só encontrou paralelo nos fabulosos cannoli, no meu top five de sobremesas. Spaghetti à Bolonhesa? Não comi. “Os bolonheses não comem spaghetti”, informaram-me. É mais um mito culinário que se dilui, como o das Bolas de Berlim em Berlim (qualquer confeitaria do Porto e arredores sabe fazê-las melhor). Existe, sim, tagliatelle al ragu, um molho que nós por cá chamamos “à bolonhesa”, mas não cheguei a provar. Em compensação, cruzei-me bastas vezes com grupinhos de “punk a bestia”, uma tribo urbana que se faz notar pela presença de cães, quase sempre com aspecto mais amistoso do que os respectivos donos. Segundo o Lorenzo, amigo do Stefano e Cecilia, além de falante de português, “são uma degeneração do espírito punk”, que faz compras com cartão de crédito e se entretém a beber de manhã à noite à porta dos bares. Isto não se aprende nos guias turísticos.
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