– Olá, Papá – disse o Duarte.
– Agora não, Duarte – disse o pai.
– Olá, Mamã – disse o Duarte.
– Agora não, Duarte – disse a mãe.
– Há um monstro no jardim e ele vai comer-me – disse o Duarte.
– Agora não, Duarte – disse a mãe.
O Duarte foi para o jardim.
– Olá, monstro – disse ele ao monstro.
O monstro devorou o Duarte, até ao último bocadinho.
Depois o monstro foi para dentro de casa.
– GRRR – rugiu o monstro atrás da mãe do Duarte.
– Agora não, Duarte – disse a mãe do Duarte.
O monstro mordeu o pai do Duarte.
– Agora não, Duarte – disse o pai do Duarte.
– Tens o jantar pronto – disse a mãe do Duarte.
A mãe pôs o jantar em frente da televisão.
O monstro comeu o jantar.
Depois esteve a ver televisão.
Depois leu uma banda desenhada do Duarte.
E partiu um brinquedo do Duarte.
– Vai para a cama – disse a mãe do Duarte. – Já te levei o leite para cima.
O monstro subiu as escadas.
– Mas eu sou um monstro – disse o monstro.
– Agora não, Duarte – disse a mãe do Duarte.
(Agora Não, Duarte, de David McKee, Caminho, 2000)
4 comentários:
que dureza ..!
ainda que levado a extremo, que retrato fiel ..
História deliciosa. Infelizmente retrato da vida de tantas crianças cuja única, verdadeira, companhia são os monstros que vão criando e com os quais não chegam, sequer, a assustar os pais, que os só os vislumbram quando é já tarde demais.
Obrigado por mais esta partilha.
Francisco Sousa
Já conhecia o livro, mas foi ótimo revê-lo aqui. Além da história ser delicada e incrível, as ilustrações são lindas!
parece-me que o mais importante a rever deste belíssimo conto é o facto de os pais, hoje em dia, não interagirem com os filhos. Vivem juntos mas não os "vêem". Vivem juntos mas nãos osoivem. Vivem juntos mas os pais procupam-se mais consigo... ver televisão, ver o futebol, beber um wisky antes do jantar e as mães com as novwlas ou programas cor de rosa ou enviar mensagens fúteis para as amigas.Os filhos fazem tudo para serem vistos mas... nada!!
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