terça-feira, 9 de junho de 2009
LITERATURA PARA TOTÓS
Há quem diga que eu e a minha obsessão pela Nova Zelândia, e tal, e não sei quê, e isto e aquilo, e coiso, e porquê, e mais não sei das quantas. É tudo verdade. Pois bem, para mostrar que nem tudo o que vem de lá é bom, espreitem esta campanha do New Zealand Book Council, a instituição nacional de promoção da leitura, livros e autores que… enfim, tomáramos nós.
A ideia foi pegar em textos de poesia e prosa de autores neozelandeses e não só – lá estão Edgar Allan Poe, Tolstoi, F. S. Fitzgerald, Oscar Wilde… – e aplicá-los ao ambiente Windows, com muitos gráficos de barras, setas, tópicos alinhados, mapas, calendários e outras aplicações usadas em Power Point. O projecto chama-se Read at Work e, como o nome indica, pretende promover a leitura no escritório. Não percebo como é que alguém pode querer ler um poema de Emily Dickinson como se assistisse à demonstração de um novo produto para limpar casas ou à reformulação do organigrama lá da empresa. Se é só para ter graça, confesso não vislumbrar. Nem se lê, nem se trabalha, é o que eu acho. Mas se alguém estiver cansado e quiser fazer uma pausa Kit Kat, clique aqui para assistir a este admirável mundo novo aplicado à literatura. Eu vou pegar num livro.
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4 comentários:
Que coisa assombrosa! Será que resulta?
Cara Carla,
É muito limitada a sua abordagem ao projecto "Read at work" já que a adesão ao mesmo, e afirmo-o com conhecimento de causa porque o acompanhei de perto, e na Nova Zelãndia, foi imediata. Explicando para totós, "Read at work" deu a oportunidade a muitos leitores de terem acesso a grandes obras e, a partir daí, tomar-lhes o gosto e procurá-las nos livros, o que aconteceu. A acção teve um enorme sucesso e reconhecimento do valor pela comunidade leitora Nova Zelandesa que agradeceu, comentou, respondeu e compreendeu a iniciativa. Na Nova Zelândia temos por hábito praticar o sentido de humor e em nada nos sentimos diminuídos por nos entender como totós. É uma obra grandiosa a do New Zeland Book Council e a acção foi cuidadosamente planeada. Como acompanhante, já tinha tido oportunidade de ler, no blogue O Livro Infantil, sobre a nossa iniciativa e de uma forma estrategicamente mais convidativa, aberta e tolerante. Tal como o projecto "Read at work". Convido-a a visitar este meu segundo país e, muito mais interessante ainda, a sorrir! Cordialmente, António Guedes
Caro António, já visitei duas vezes a Nova Zelândia e de forma alguma creio que seja habitada por totós. Se é o seu segundo país, felicito-o, sem invejas. Se eu pudesse escolher, teria sido o primeiro.
O título do post é apenas uma paródia a um livro conhecido, "Informática para Totós". Se tem sentido de humor, compreenderá que em nada quis "diminuir" a comunidade leitora neozelandesa, nem tão pouco o NZ Book Council. Aliás, deixo um elogio logo ao início, espero que isso ao menos tenha sido entendido. Quanto ao projecto em si, tem toda a razão, não falo com conhecimento de causa porque não estive lá para ver os resultados. Falo apenas a partir da minha própria experiência ao clicar no link e ver o que está acessível a qualquer pessoa. Não gostei e assumo-o mais uma vez. A minha compreensão da literatura não passa por esta forma fragmentada e esquemática de registo. Se a experiência serviu para conquistar leitores e levá-los a procurar os excertos nos livros (e a lê-los), óptimo. Mas teria que saber um pouco mais sobre o assunto para perceber melhor a estratégia. Limitei-me a traduzir as minhas impressões e acho que não ofendi ninguém. Este é um blogue pessoal, acima de tudo. Limitada ou não, reservo-me o direito de escolher a perpectiva em que apresento os assuntos. Outros farão de outra maneira. Parece-me bem.
Muito obrigada pelo seu comentário tão enriquecedor para o assunto. Se eu voltar à NZ, como espero, de certeza que continuarei a admirar o trabalho do NZ Book Council. Mas este projecto não me atrai, desculpe lá...
sim, como aquelas compilações de livros condensados da reader's digest...
Paulo Reis
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