Numa escola, há pouco tempo, um miúdo perguntou-me que profissão gostaria de ter, “se não fosse escrever”. Respondi-lhe que a profissão dos meus sonhos não existe. Consistiria em entrar nas casas de outras pessoas apenas para estar lá dentro. Casas antigas, grandes e sólidas, com outra dignidade e franqueza que raramente se encontra nos nossos vulgares apartamentos. Gostava de poder entrar e ver de perto a arrumação dos objectos, aspirar o cheiro das madeiras, abrir gavetas e mexer na roupa de cama, conhecer os mortos pelas fotografias. Depois, ir-me embora e trazer tudo para as histórias. Comentário do miúdo: “Mas afinal... era tudo para escrever!”. Quem é que quero enganar?
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1 comentário:
o míudo tem razão. visitaria as casas para colher informações para suas histórias.
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