sexta-feira, 3 de julho de 2009

AINDA SOPHIA



O último documentário da série “Grandes Livros”, exibido às sextas-feiras na RTP2, foi dedicado a Sophia de Mello Breyner Andresen – completaram-se ontem cinco anos sobre a sua morte. Naturalmente, o destaque foi para a obra poética, mas os contos ditos “para crianças” também tiveram direito aos seus cinco minutos de fama, colados à ideia de “veículo para” a arte maior da poesia. Ou seja: ler A Fada Oriana ou O Cavaleiro da Dinamarca, sim, mas sobretudo se isso servir para a iniciação de leitores que um dia descubram os ideais da cultura helénica. A dado passo, referindo-se à inevitabilidade dos contos, Fernando Pinto do Amaral usa esta expressão extraordinária: “não nos podemos revoltar com isso” (ou “por isso”). Não percebi. Por que razão haveríamos de nos “revoltar” com a referência de Sophia na literatura infantil? Ou apenas literatura, ponto. Suponho que a resposta de Fernando Pinto do Amaral tenha surgido – como se costuma dizer – descontextualizada. Ou então estava apenas a ser irónico.


3 comentários:

vera disse...

Tive a sorte de andar numa escola maravilhosa onde na primaria liamos as historias da Sophia sentados debaixo de um platano como aqueles que ela descreve. Uma maravilha !

Anónimo disse...

Espera-se que seja mesmo só um problema de "descontextualização". A Sophia e a sua Literatura, a Fada Oriana, o Cavaleiro da Dinamarca, A Menina do Mar and so on, fundaram o meu gosto pela leitura, e diria mais, a minha maneira de olhar e estar no mundo. Posso mesmo dizer que seria outra pessoa sem os livros da Sophia. Que mania de tudo o que diz respeito a crianças ser menor...Revolto-me com isso. Clara

Carla Maia de Almeida disse...

Fernando Pinto do Amaral é um conhecedor profundo da obra "para crianças" de Sophia, e fez uma comunicação sobre esse tema num dos últimos Encontros de Literatura para Crianças da Gulbenkian (já não me lembro exactamente qual). Não ponho em causa o seu juízo crítico, apenas a escolha das palavras, que mesmo sem querer perpetuam estereótipos.