Castelo Melhor, freguesia do concelho de Vila Nova de Foz Côa, é uma aldeia parada no tempo, ruas estreitas onde pouca gente passa e as casas ostentam o avanço da decrepitude. O quadro repete-se no país interior, pobre e desertificado, mas Castelo Melhor é um caso extremo de perplexidade.
Há 13 anos que esta é uma das portas de entrada para o Parque Arqueológico do Vale do Côa, sinónimo de dezenas de turistas que ali aportam diariamente, à espera de encontrarem um restaurante, uma esplanada ou um café decente, enquanto aguardam a hora da visita às gravuras rupestres. Não há nada. A cerca de meia hora de entrar para o jipe, às 13h30, tentei comer qualquer coisa rápida, sem cerimónias. Uma sopa, uma sande de presunto, uma cerveja e a coisa compunha-se. Pensava eu.
Ao lado da Junta de Freguesia, encontrei um sítio onde não arriscaria sequer lavar as mãos. Mais acima, um café onde não tinham pão – o equivalente a um hotel sem camas ou a uma biblioteca sem livros. No Restaurante Paleolítico, uma tasca onde o único prato era frango com massa, a má vontade sobressaiu quando perceberam que não queria comer de faca e garfo. Mandaram-me esperar pelas sandes, que havia clientes à frente. Fui-me embora e almocei amêndoas e figos secos, vendidos na casa de produtos artesanais que abriu este Verão, o único sítio simpático da terra. É assim há 13 anos, e cada vez pior, dizem os responsáveis do parque. Aparentemente, os turistas que vão ver “os riscos feitos pelos pastores”, como ainda há quem pense, são um enfado e um incómodo para a próspera freguesia de Castelo Melhor, onde a riqueza é tal que ninguém precisa de trabalhar nem de ter ideias para ganhar dinheiro. Mais vale embrutecer, orgulhosamente sós. Ah, ditosa terra que tais filhos tem.
Há 13 anos que esta é uma das portas de entrada para o Parque Arqueológico do Vale do Côa, sinónimo de dezenas de turistas que ali aportam diariamente, à espera de encontrarem um restaurante, uma esplanada ou um café decente, enquanto aguardam a hora da visita às gravuras rupestres. Não há nada. A cerca de meia hora de entrar para o jipe, às 13h30, tentei comer qualquer coisa rápida, sem cerimónias. Uma sopa, uma sande de presunto, uma cerveja e a coisa compunha-se. Pensava eu.
Ao lado da Junta de Freguesia, encontrei um sítio onde não arriscaria sequer lavar as mãos. Mais acima, um café onde não tinham pão – o equivalente a um hotel sem camas ou a uma biblioteca sem livros. No Restaurante Paleolítico, uma tasca onde o único prato era frango com massa, a má vontade sobressaiu quando perceberam que não queria comer de faca e garfo. Mandaram-me esperar pelas sandes, que havia clientes à frente. Fui-me embora e almocei amêndoas e figos secos, vendidos na casa de produtos artesanais que abriu este Verão, o único sítio simpático da terra. É assim há 13 anos, e cada vez pior, dizem os responsáveis do parque. Aparentemente, os turistas que vão ver “os riscos feitos pelos pastores”, como ainda há quem pense, são um enfado e um incómodo para a próspera freguesia de Castelo Melhor, onde a riqueza é tal que ninguém precisa de trabalhar nem de ter ideias para ganhar dinheiro. Mais vale embrutecer, orgulhosamente sós. Ah, ditosa terra que tais filhos tem.
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