Miguel Sousa Tavares, o mesmo que acha estranho que haja quem se preocupe com as “condições psicológicas” em que vivem os animais domésticos (as aspas são dele), preferindo certamente assobiar para o lado quando sabe de um cão fechado na varanda ou na casa de banho durante dias a fio, insurgiu-se na sua última crónica no Expresso contra a nova lei respeitante aos animais no circo. Diz ele, alcandorado no sarcasmo confortável das elites:
“Eis mais um retumbante triunfo da cultura urbana, moderna e civilizada. Porque o fundo da questão está no que diz Victor Hugo Cardinali – um honrado nome de uma família que tem feito sonhar gerações e gerações de crianças, com os seus tigres, leões e elefantes, saídos da televisão e dos joguinhos de computador para a tenda do circo: «Eu também posso fazer algo como o Cirque do Soleil, para os intelectuais de Lisboa e do Porto. Mas experimentem levar isso a Portalegre e eles vão perguntar ‘que porra é essa?’». É contra este Portugal da porra que em boa hora surgiu a portaria a defender as centopeias, os aligators e também, já me esquecia, os nandus e os crotalos.”
Que fique sossegado o “Portugal da porra”, porque ainda não é desta que Victor Hugo Cardinali vai averiguar que porra é essa do teatro-circo, nem dar emprego aos alunos da porra da escola do Chapitô. Ele sabe que “a cultura do povo português não passa por aí”, afirmou-o na entrevista que o jornal i puxou para a capa, com um título a tresandar a demagogia: “Os meus animais são mais bem tratados que os pobres deste país.” Mais esclarecimentos no excerto que se segue:
“Eis mais um retumbante triunfo da cultura urbana, moderna e civilizada. Porque o fundo da questão está no que diz Victor Hugo Cardinali – um honrado nome de uma família que tem feito sonhar gerações e gerações de crianças, com os seus tigres, leões e elefantes, saídos da televisão e dos joguinhos de computador para a tenda do circo: «Eu também posso fazer algo como o Cirque do Soleil, para os intelectuais de Lisboa e do Porto. Mas experimentem levar isso a Portalegre e eles vão perguntar ‘que porra é essa?’». É contra este Portugal da porra que em boa hora surgiu a portaria a defender as centopeias, os aligators e também, já me esquecia, os nandus e os crotalos.”
Que fique sossegado o “Portugal da porra”, porque ainda não é desta que Victor Hugo Cardinali vai averiguar que porra é essa do teatro-circo, nem dar emprego aos alunos da porra da escola do Chapitô. Ele sabe que “a cultura do povo português não passa por aí”, afirmou-o na entrevista que o jornal i puxou para a capa, com um título a tresandar a demagogia: “Os meus animais são mais bem tratados que os pobres deste país.” Mais esclarecimentos no excerto que se segue:
“Mas os circos estão condenados?
Muitos circos pequenos sim, mas eu não tenho nada a ver com isso. [o altruísmo de um honrado nome de uma família]
E o circo enquanto arte?
Nesse sentido acho que sim, porque o que traz as pessoas ao circo são os animais. [a sabedoria de um honrado nome de uma família]
Há o argumento de que podia haver mudanças, como quando se deixou de usar mulheres barbudas e anões…
Este ano vou trazer outra vez anões. Nos circos lidamos com os anões como um ser humano qualquer. E os cegos que andam todos a pedir em Lisboa, porque são cegos? Não é discriminação? Os ceguinhos deste país deviam ser acolhidos por quem de direito. É uma hipocrisia, uma fantochada. [o progressismo de um honrado nome de uma família]”.
P.S. - No meio desta confusão de alhos e bugalhos, só uma coisa me intriga: quem é o nandu e quem é o crotalo?
Muitos circos pequenos sim, mas eu não tenho nada a ver com isso. [o altruísmo de um honrado nome de uma família]
E o circo enquanto arte?
Nesse sentido acho que sim, porque o que traz as pessoas ao circo são os animais. [a sabedoria de um honrado nome de uma família]
Há o argumento de que podia haver mudanças, como quando se deixou de usar mulheres barbudas e anões…
Este ano vou trazer outra vez anões. Nos circos lidamos com os anões como um ser humano qualquer. E os cegos que andam todos a pedir em Lisboa, porque são cegos? Não é discriminação? Os ceguinhos deste país deviam ser acolhidos por quem de direito. É uma hipocrisia, uma fantochada. [o progressismo de um honrado nome de uma família]”.
P.S. - No meio desta confusão de alhos e bugalhos, só uma coisa me intriga: quem é o nandu e quem é o crotalo?
7 comentários:
Sim, a expressão "alcandorado no sarcasmo confortável das elites" é divinal. Simplesmente: certeira. O que fazemos aos animais conta muito sobre nós, enquanto humanos. Confesso que nunca me encantou ver os animais no circo, lembro-me de pensar como me pareciam tristes...
Querida Carla,
permita-me divulgar este seu post, no meu blogue e por email, com os devidos créditos ;)
Obrigada por este momento de catarse.
Susana
Be my guest...
Não diria melhor que a Ana Teresa por isso só me resta aplaudir o seu comentário.
No contexto das práticas circenses gostaria de deixar a seguinte deambulação/provocação com a ideia de que a tradicional representação do palhaço rico e do palhaço pobre deveria ser banida, passando a figurar, talvez, num manual de história/sociologia/etnologia das práticas performativas já extintas. A violência explícita e implícita são de tal magnitude mas, simultaneamente, de tal pertinência metafórica que só aos espíritos adultos deveria ser permitido contemplar.
No meu caso o circo não encantava, pelo contrário, havia como que um sentimento de desconforto.
A autora tem razão: O talento e a formação de qualidade nestas artes existem mas têm sido menosprezados...
Esse MST não é aquele que diz que somos todos saloios?
Ele que fique lá no Brasil e não volte mais, e preferencialmente que fique lá com os seus livros pra não poluir as livrarias de cá!!
Já não há pachorra para aturar esse MST.
Ola !!!
Eu era fã desse senhor até algum tempo atras... Mas desiludiu-me logo na lei do tabaco !!!
Redimiu-se (para mim) na história dos contentores de Lisboa....mas agora com esta, será de dificil um perdao!!!!
Mas como MST existe muita e muita gente com vistas curtas ... SO PODEM SER VISTAS CURTAS !!!
Há dias em conversa com minha mãe e irmã ...minha irmã disse com um ar muito natural que não via mal nenhum nos animais de circo, desde que não fossem mal tratados!!!!!! Quando lhe expliquei que o facto de elels estarem presos, viajarem, treinarem, etc..ja por si é um Mau trato... a resposta dela foi...porque é que eu tinha uma gata em casa??
Eu que achava ter uma irma moderna e justa, descobri que é apenas mais uma com a vista muito tapada, dos que so veem aquilo que os ensinaram a ver... Enfim... Perdoa-me o Comentário ser tao extenso....
Sou Vegetariana ha apenas dois anos e meio, tenho 42 anos...mas quem nos dera que todos VISSEM a REALIDADE como eu VEJO .
Lutar pelos direitos de um animal , é de certo modo lutar pelos nossos próprios direitos ...ou não será?!?!?
Um Abraço
Maluxa
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