Acompanhando a vaga de "Alices" desencadeada pelo filme de Tim Burton, a Europa-América reeditou as duas obras-primas de Lewis Carroll, melhorando as capas (não era difícil) e acrescentando notas biográficas do escritor e do ilustrador, John Tenniel. Mas bem que podiam ter feito o essencial: uma nova tradução (sim, custa dinheiro). Mantém-se a versão antiga de Vera Azancot, que, para não irmos mais longe, achou por bem dividir as dramatis personae de Alice do Outro Lado do Espelho em peças/peões “Brancas” e “Pretas”. Acontece que Lewis Carroll não escreveu isso. Não existe nenhuma Rainha Preta, Rei Preto ou Cavaleiro Preto. O que existe é Rainha Vermelha, Rei Vermelho e Cavaleiro Vermelho. Mais de trinta anos depois da edição de bolso, acima reproduzida, alguém continua a não saber soletrar R-E-D.
P.S. – A propósito, não gostei do filme. Por muito que se aperfeiçoem os efeitos especiais, para mim as emoções ainda são analógicas. Confesso que fiquei tão serena como se o meu apelido fosse Williams. Continuo a preferir o Tim Burton no seu lado mais gore (Sleepy Hollow, Sweeney Todd) e nos filmes animados em stop-motion (O Estranho Mundo de Jack, insuperável).
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