sexta-feira, 14 de maio de 2010

A MONTANHA NÓMADA


Duna

Por andar sempre aos búzios na praia, foi-se formando uma montanha de areia no meu quarto. Trazia-a nos sapatos, pouco a pouco, sem dar conta.
– Chamo-me Duna – parecia dizer.
– As dunas são montanhas nómadas – disse-me a minha irmã.
– Eu tenho uma – respondi-lhe.
– Ah, sim? Onde?
– Vem comigo.
– Quando chegámos, o meu quarto estava cheio de búzios e vazio de montanhas.
– O que é que quer dizer nómada? – perguntei-lhe.
Desde então, ronda por minha casa uma montanha nómada, a Duna.
Como vive por aqui desde pequena, não foge, mesmo tendo sempre a porta aberta.

(Diógenes, uma edição Kalandraka com texto de Pablo Albo e ilustrações de Pablo Auladell, Prémio Lazarillo de Criação Literária 2008)

2 comentários:

Inês Oliveira disse...

Adorei este livro: o texto e as ilustrações. Fico contente de o ver por aqui...
Forte abraço.

Carla Maia de Almeida disse...

Outro para si, Inês. Também fico muito contente de a ver por aqui.