Não, André Cabelo-em-pé não é um miúdo como os outros. Se o cabelo branco espetado e os olhos como duas bolas de ping-pong lembram os Tragic Toys de Tim Burton, o seu imaginário está mais próximo de Ed Wood, cruzando «zombietês» com «barrinhas dedos-de-peixe», dessas que se compram na secção dos congelados. Na sua tendência obsessivo-compulsiva, André Cabelo-em-pé guarda outra particularidade: tem fobia de quase tudo, incluindo parques de diversões, microfones, telefones, nódoas no tapete, carnes estragadas e palavras cruzadas inacabadas (isso ficámos a saber no primeiro volume). Mas não tem medo dos amigos que se escondem debaixo da cama: um esqueleto, um fantasma e um monstro, a Companhia dos Medos. Guy Bass, autor do texto e da ilustração, parodia o mundo dos comics e dos filmes de ficção científica Série B, sendo especialmente hábil na gestão dos twists narrativos. Das últimas colecções que a Booksmile tem destinado aos leitores a partir dos sete anos, nomeadamente João Pastel e Uma História Mesmo Bestial, esta é a que mais se afasta da previsibilidade das fórmulas e também a que mais arrisca no plano linguístico. E a editora escolhe com cuidado os tradutores, o que é de louvar.
André Cabelo-em-pé – A Vingança dos Homens-Peixes
Guy Bass
Tradução de José Pires
Booksmile
(Texto publicado na edição da LER nº 101. Na imagem, as duas capas da colecção. A crítica diz respeito ao segundo volume, A Vingança dos Homens-Peixes.)
André Cabelo-em-pé – A Vingança dos Homens-Peixes
Guy Bass
Tradução de José Pires
Booksmile
(Texto publicado na edição da LER nº 101. Na imagem, as duas capas da colecção. A crítica diz respeito ao segundo volume, A Vingança dos Homens-Peixes.)
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