sábado, 11 de fevereiro de 2012

AS CASAS, 2


“Apaixonamo-nos pelas pessoas, quando as escutamos. Amamo-las. E só deixamos de as desejar quando deixamos de as ouvir. Com as casas passa-se o mesmo. Depois fica apenas uma ténue lembrança. Grata. Porque cheia de memórias.
Permitam-me que insista. As casas são como as pessoas. Porque também haveremos de amá-las mais quando elas deixarem de nos ser. Quando as perdermos. E, então, das duas uma: ou haveremos de desejá-las em ruínas, ou haveremos de desejar a nossa morte. Ou as duas. Depois, não teremos coragem nem para uma coisa nem para outra. Guardaremos essa mágoa. Sobreviveremos.”

(in As Casas, de Dóris Graça Dias, João Azevedo Editor, 1991)

1 comentário:

Sílvia Mota Lopes disse...

A casa da minha infância está a cair apenas é habitada por ratos.
Guardo na memória todos os momentos, as brincadeiras...os cheiros... todas as vivências estão aqui. Não quero ir lá...não vou gostar de ver o que lá restou, que é quase nada... uma casa, fria vazia, sem vida. Apenas a quero recordar :) e enquanto a recordo mantenho-a viva!