quinta-feira, 21 de março de 2013

TEORIA DOS CONJUNTOS



Nunca gostei de matemática. Lembro-me de uma professora do 8º ano que ficou para a história como «Gasganete» (o vilão dos Schtrumpfs), o que diz tudo sobre o sentimento que conscienciosamente lhe devotávamos. Lembro-me também de um professor lunático do ciclo preparatório que passava as aulas a desenhar círculos no quadro, a fim de nos explicar a «teoria dos conjuntos», cuja aplicação prática continuo sem perceber. Todos o achávamos estranhíssimo. Quando soubemos que morava na pensão central da vila (chamada, precisamente, Pensão Central), a nossa estranheza misturou-se com o gozo cruel típico da idade e passámos a vê-lo como um desgraçado sem casa nem família. A minha mãe, professora na mesma escola, dizia que ele tinha tido «uma depressão»; mas, para nós, crianças electrizadas pela brincadeira e pelo ar livre, era igual ao litro. Percebo agora que aquele ar de zombie se deveria ao facto de o homem andar completamente drunfado. Já naquela altura, a vida dos professores comportava uma violência que não conseguíamos imaginar. O pior estava para vir.

3 comentários:

Lídia Borges disse...


Sem dúvida, o pior estava para vir e não mais acaba de chegar.

De facto, a teoria não é prática corrente.

Um beijo

Filipa Teles Carvalho disse...

É verdade, os heróis podem ser terrivelmente maltratados. Na teoria dos conjuntos (de que já não me recordo nadinha), às vezes estar "dentro" e "pertencer" é exactamente o contrário.

Carla Maia de Almeida disse...

Talvez eu tenha sido injusta com a teoria dos conjuntos, Lídia e Filipa. Mas não foi nada de pessoal. Um abraço.