quinta-feira, 18 de julho de 2013

DOMINÓ DAS CASAS


Passei os últimos meses obcecada com a lembrança deste dominó da minha irmã mais nova, um dos jogos mais memoráveis da nossa infância; não tanto pelo jogo em si, mas pela possibilidade que me dava de imaginar mundos diferentes e arranjar casamentos improváveis entre as figuras. A cigana com o cowboy. O italiano com a romena. O inglês com a bretã. O índio com a cambojana. E depois havia as palavras raras, que eu saboreava como um mistério à minha medida: «cubata malgaxe», «isba russa», «coliba romena», «sampana chinês», «choça marroquina»... Ficou-me na ideia a graciosidade bamboleante da rapariga taitiana e a arquitectura robusta das casas do norte da Europa. Ainda hoje, quando fecho os olhos, parece que sinto o cheiro da relva que cobria o telhado do chalé sueco. Como devia ser bom fazer crescer flores mesmo por cima dos nossos sonhos.

1 comentário:

dora disse...

aahhh bolas, que saudades !!