sexta-feira, 5 de julho de 2013

O TAPETE MÁGICO


Desconhecida do comum dos leitores, a força da ilustração iraniana já não surpreende, pelo menos, quem vai regularmente à Feira do Livro Infantil de Bolonha. Mas a singularidade de O Jardim de Babai deve-se mais à sua riqueza interpretativa do que ao convite a um olhar exótico, patente na edição bilingue (português e persa) e na possibilidade de leitura em sentidos contrários. Tal como uma tecelagem que se faz e desfaz, pegando por um fio ou por outro, o que encontramos no âmago desta belíssimo livro é, acima de tudo, uma reflexão sobre a integridade do ser. No centro do jardim que é também um tapete – dois símbolos antiquíssimos da ordem e da proporção –, está sempre a mesma figura concêntrica de Babai (sinónimo infantil para “cordeirinho”), ela própria desenhada como um jardim e um tapete. Filha de mãe belga e pai iraniano, Mandana Sadat (Bruxelas, 1971) recorre à iconografia islâmica, onde se destaca a geometria simbólica do número quatro e os elementos sagrados da natureza rodeando o centro. “Depois de muito procurar, encontrei esta parcela de terra soalheira junto a uma nascente”, diz Babai. E assim começou a cultivar o seu jardim.

O Jardim de Babai 
 Mandana Sadat
Tradução de Dora Batalim
Bruaá

(Texto publicado na edição 126 da revista LER.)

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