domingo, 15 de setembro de 2013
GRANDES VERDADES À DISPOSIÇÃO NO FACEBOOK
«Um bom sofrimento é terapêutico.» Ouvi esta frase há um ror de anos, num programa de rádio que Fernando Alves, jornalista da TSF, mantinha com o psicanalista Carlos Amaral Dias. Ficou-me para sempre. Na altura, tinha um namorado meio pateta que se riu ao ouvir aquilo («Que estupidez. Como é que um sofrimento pode ser bom?»). Mas um sofrimento pode ser bom quando é sincero, autêntico, from the guts; aí, não só é bom como necessário, porque pior do que tudo é esse fazer de conta como modo de vida. Morre-se disso e nem sequer se sabe. Custa-me a crer que aqueles humores atirados de repente para o Facebook, à espera de palmadinhas nas costas ou comentários cínicos, sejam sofrimentos autênticos, porque «um bom sofrimento» reserva-se, não se partilha com toda a gente nem se consola com tão pouco. O Tom Waits tem razão. O mundo pode ser um lugar terrível - e muitas vezes é -, mas precisamos de ser os melhores editores dos nossos sofrimentos. Sempre.
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