quinta-feira, 6 de fevereiro de 2014

ALCE NEGRO VIVE


O meu Padrinho trouxe de Angola um tapete de parede igual a este, descoberto há dias num desses sites que compram e vendem coisas usadas. Até aos anos 70, quando ainda não estavam associados ao exotismo kitsh, encontravam-se frequentemente em muitas casas portuguesas, à entrada ou nas salas de jantar, representando leões, leopardos, antílopes e outros animais habituados aos grandes espaços. Eu teria uns quatro ou cinco anos e lembro-me de como me fascinava este enorme tapete-que-também-era-um-quadro (pelo menos, eu achava-o enorme), que se deixava tocar como veludo e exigia uma contemplação prolongada. Num mundo de adultos, em casa dos meus padrinhos, ninguém terá dado por este fascínio, nem eu teria gostado que dessem. Assim vivemos até hoje, os veados e eu, inseparáveis. Saciados pelo alimentar contínuo das imagens nas imagens sobre as imagens, num país livre onde nenhum animal se extingue.

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