segunda-feira, 3 de março de 2014

HORAS DA INFÂNCIA



(...) Nada
é aqui o que realmente é. Ó horas da infância,
quando atrás das figuras havia mais do que apenas
passado, e o futuro não estava à nossa frente.
Crescíamos, na verdade, impacientes por vezes
por sermos depressa grandes, meio por amor daqueles
que nada mais tinham senão o serem grandes.
E contudo, no nosso caminhar solitário,
alegrávamo-nos com o que dura e estávamos ali
no espaço intermédio entre mundo e brinquedo,
num lugar que desde o início
se fundara para um puro acontecimento. (...)


Rainer Maria Rilke, in A Quarta Elegia, tradução de Paulo Quintela. ed. O Oiro do Dia

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