quinta-feira, 6 de março de 2014
NO REGRESSO DO ALTO MAR
Maurice Sendak descreveu Outside Over There (Harper Collins, 1981) como a sua obra «mais pessoal». Não só as personagens se reportam directamente à sua biografia (o rapto do bebé Lindbergh, que o traumatizou), como todo o processo de trabalho o deixou exausto e deprimido, não obstante este ser também reclamado como o «favorito» entre os seus livros. E compreende-se. Numa leitura rápida, Outside Over There consegue ser quase impenetrável. Apesar da aparente simplicidade do texto, a sintaxe é muito mais complexa (ou inventiva) do que no caso de Onde Vivem os Monstros e Na Cozinha da Noite, conservando ecos de arcaísmos e da cadência das nursery rhymes. A história é furtiva e enigmática. As ilustrações, de tendência hiper-realista, guardam numerosas referências sociais, culturais e artísticas; esclarecendo o texto, umas vezes, e confundindo-o, outras. Traduzi-lo foi um prazer e uma dor de cabeça. Acabei ontem. Mas, na verdade, parece-me impossível de acabar. Querem saber como traduzi o título? Não digo.
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