sábado, 26 de abril de 2014
COMO SI FUERA UN TÓTEM
Listo! Em vésperas da 27ª FILBO - Feira Internacional do Livro de Bogotá, chega a notícia de que está pronta a edição em castelhano do Irmão Lobo, com tradução de Jeronimo Pizarro e a chancela da editora Rocca. Hermano Lobo. Garanto: soa como se tivesse sido eu a escrever. «Malik. Pienso en él como si fuera un totém que hubiera logrado mantener unida a una tribu, mientras buscaba adaptarse al apartamento y soñaba con su viejo tipi en medio de la pradera.» Algumas páginas podem ser vistas aqui.
sexta-feira, 25 de abril de 2014
CAPITÃO DE ABRIL
Este post só poderia ir para a etiqueta «Heróis». Com texto de José Jorge Letria e ilustrações de António Jorge Gonçalves, Salgueiro Maia - o homem do tanque da liberdade é uma das primeiras biografias da nova colecção produzida em parceria pela Imprensa Nacional Casa da Moeda e a editora Pato Lógico. Daqui a uns meses também darei o meu contributo, num volume dedicado à escritora e feminista Ana de Castro Osório. Para já, celebremos este dia que nos lembra o valor da liberdade!
quinta-feira, 24 de abril de 2014
THE KIDS ARE ALRIGHT: ALICE, 2
Esta Alice veste-se de negro. Em 1982, os ingleses The Sisters of Mercy criaram mais uma personagem atraída por estados alterados de consciência. A austeridade dos anos 80 substituiu o devaneio lúdico e psicadélico dos Jefferson Airplane: «Alice in her party dressed to kill/ She thanks you turns away/ Needs you like she needs her pills/ To tell her that the world's okay.» E o mundo ficou negro durante muito tempo.
THE KIDS ARE ALRIGHT: ALICE, 1
Entre as muitas canções inspiradas em Alice no País das Maravilhas, White Rabbit, dos Jefferson Airplane, é um clássico que não perdeu o seu charme indiscreto. Onde se fala de cogumelos, cachimbos de água, comprimidos e outros elementos de conteúdo explícito, tal como quis Grace Slick, que leva todos os créditos pela canção. Do álbum Surrealistic Pillow, de 1967.
Mais da série «The Kids are Alright» com Metallica e René Aubry, respectivamente, aqui e aqui.
quarta-feira, 23 de abril de 2014
A NATUREZA DOS FENÓMENOS
O velho ulmeiro que vejo da janela do escritório começou a libertar as primeiras folhas. Enquanto outras árvores já vão adiantadas na Primavera, o ulmeiro respeita a sua velhice e executa lentamente o trabalho cíclico do florescimento. Só dará uma sombra completa no Verão, mas esta prolongar-se-á quando outras árvores já estiverem despidas. É esse o seu tempo, a sua identidade, a sua consciência de árvore. Simplificando muito, é isto a fenomenologia: a imagem deste ulmeiro na minha cabeça como uma representação da seta do tempo. Quando Husserl laborava nos seus estudos sobre a fenomenologia, na Primavera de 1910, tinha diante de si as árvores em flor no jardim da casa de Gottingen. «C'est la chose, l'object de la nature que je perçois; là-bas, dans le jardin.» (in «Edmund Husserl: Les arbres en fleurs et la phénoménologie», Sciences Humaines nº 103, Março de 2000.)
Publicado agora pela Kalandraka, O Inventário das Árvores, de Virginie Aladjidi (texto) e Emmanuelle Tchoukriel (ilustrações), reúne 57 árvores e arbustos da Europa e do mundo. Não fala do ulmeiro, mas é um belo livro para lermos lá fora e acercarmo-nos da natureza dos fenómenos.
terça-feira, 22 de abril de 2014
UM POUCO DE HOPPER
Com visíveis influências de Edward Hopper e suas paisagens urbanas «congeladas», esta é uma das ilustrações que permitiu a Federico Delicado (Badajoz, 1956) vencer o VII Prémio Internacional Compostela para Álbuns Ilustrados, anunciado ontem. Ficámos também a saber que as portuguesas Fátima Afonso e Teresa Martinho Marques foram finalistas (dá para ter uma ideia do trabalho aqui) e lembrámos os prémios anteriores, já transformados em livros pela Kalandraka:
- 2008: Perto, Natalia Colombo.
- 2009: Um Grande Sonho, Felipe Ugalde.
- 2010: A Família C., Mariona Cabassa (com texto de Pep Bruno).
- 2011: A Viagem de Olaj, Martín León Barreto.
- 2012: Aves, de Julia Díaz e David Álvarez.
- 2013: Mamã, de Mariana Ruiz Johnson.
O meu preferido? Aves.(ver post aqui)
- 2008: Perto, Natalia Colombo.
- 2009: Um Grande Sonho, Felipe Ugalde.
- 2010: A Família C., Mariona Cabassa (com texto de Pep Bruno).
- 2011: A Viagem de Olaj, Martín León Barreto.
- 2012: Aves, de Julia Díaz e David Álvarez.
- 2013: Mamã, de Mariana Ruiz Johnson.
O meu preferido? Aves.(ver post aqui)
segunda-feira, 21 de abril de 2014
NOVO DE LUIS SEPÚLVEDA
Também com ilustrações de Paulo Galindro, já deve estar nas livrarias o novo título de Luis Sepúlveda destinado ao público juvenil e adulto («crossover», numa palavra). História de um caracol que descobriu a importância da lentidão resume-se como «um livro sobre a rebeldia de ultrapassar barreiras impostas e preconceitos, em busca da liberdade».
UMA PRINCESA COM CEM ANOS
Correcção ao título: quase cem anos, como se diz no post abaixo. Aqui, a capa da primeira edição de A Little Princess (Warne, 1905) e um retrato contemporâneo para a editora Livre de Poche, assinado (quase posso jurar) por Rébecca Dautremer. [cortesia de Filipa Teles Carvalho]
quarta-feira, 16 de abril de 2014
A PRINCESA E A MANSARDA
Desde os nove ou dez anos, quando li pela primeira vez A Princesinha, de Frances Hodgson Burnett (n. Manchester, 1849), num velho exemplar da Colecção Azul que sobreviveu até hoje, a personagem de Sara Crewe converteu-se numa presença mais real e significativa do que muitas pessoas que conheci. Nunca mais esqueci a palavra «mansarda» nem o espírito pertinaz da menina que alguns vêem como a versão feminina de Oliver Twist. Resumi o caso neste post. Provavelmente há qualquer coisa de regressivo na experiência arquetípica dos heróis de infância, mas vivo bem com isso. Não escreveria sem isso, melhor dizendo. Em 2015 passam cem anos sobre a publicação do romance nos Estados Unidos da América, para onde a autora emigrou quando tinha 16 anos.
terça-feira, 15 de abril de 2014
SAUDADES, MR. GOREY
Edward Gorey, um dos meus excêntricos heróis, morreu a 15 de Abril de 2000, na casa de Cape Cod, EUA. Ataque cardíaco. Estive lá em 2007: a reportagem publicada na Notícias Magazine continua a poder ser lida aqui. Como ilustrador, Gorey deixou uma colecção valiosa de capas de livros, sempre de autores de quem gostava (não era do tipo de aceitar encomendas), como esta e e outras que se podem ver aqui. Link enviado por cortesia de Isabel Minhós Martins.
segunda-feira, 14 de abril de 2014
AS RAPARIGAS QUE SONHAVAM URSOS
Um trabalho extraordinário da fotógrafa russa Katerina Plotnikova, com recurso a animais treinados. Por princípio, sou contra este hábito milenar de supremacia; mas quando existe respeito e admiração, como parece ser o caso, o resultado põe em evidência o que nos aproxima uns dos outros. Muitas mais fotografias, de um lirismo inquietante, podem ser vistas aqui. O título do post foi roubado a um livro de Margo Lanagan editado entre nós pela Guerra & Paz.
quinta-feira, 10 de abril de 2014
ENCONTROS À VOLTA DA LIJ
De saudar, eis o I Encontro de Literatura para a Infância da Escola Superior de Educação de Lisboa, marcado para 10 de Maio. Inclui um bom programa de comunicações, oficinas e, digamos, momentos mais lúdicos (podem consultar aqui). Uns dias antes, na Universidade de Aveiro, começa o III Ciclo de Conferências para a Infância e Juventude, que se estende ao longo do mês e cujo programa também pode ser visto aqui. Ambos são acessíveis e abertos ao público. Em tempos de abulia pessoal e colectiva, as universidades, graças ao empenho de professores que são mais do que professores («um médico que só é médico nem médico é», disse Abel Salazar), vão cumprindo o seu papel.
quarta-feira, 9 de abril de 2014
NOVA COLECÇÃO DE BIOGRAFIAS
Tal como o David Machado tinha afirmado neste texto, que subscrevo, é estimulante assistir ao aparecimento de boas colecções destinadas ao público infanto-juvenil, vindas não estritamente do meio editorial. Basta ver os nomes acima para saber que desta parceria entre a editora Pato Lógico e a Imprensa-Nacional Casa da Moeda é lícito esperar o melhor. Grandes Vidas Portuguesas apresenta-se este sábado na Ler Devagar, com a presença do decano António Torrado. Mais pormenores sobre a colecção no site da Pato Lógico.
ONDE ESTAVAS NO 25 DE ABRIL?
Crianças e adolescentes, os primeiros destinatários do Livro Livre, ainda não tinham nascido quando se deu a Revolução de Abril. Mas são convidados a ter o papel de co-autores nas actividades criativas propostas pelos três autores: Francisco Bairrão Ruivo (textos) e Danuta Wojciechowska e Joana Paz (ilustrações e design). Com edição da Lupa Design, já está à venda na FNAC. O lançamento acontece este sábado no Centro Cultural de Belém, em Lisboa, pelas 15h30. Cliquem na imagem para ver os pormenores.
quarta-feira, 2 de abril de 2014
DIA INTERNACIONAL DO LIVRO INFANTIL 2
«Cada leitor de uma história tem alguma coisa em comum com os outros leitores da mesma história. Separadamente, mas também em conjunto, eles recriam a história do escritor com a sua própria imaginação: um acto ao mesmo tempo privado e público, individual e coletivo, íntimo e internacional. Isto deve ser o que o ser humano faz melhor. Continuem a ler!»
Mensagem para o
Dia Internacional do Livro Infantil escrita por de Siobhán Parkinson, autora, editor
e tradutora irlandesa. Ler o texto completo no site da DGLAB.
terça-feira, 1 de abril de 2014
DIA INTERNACIONAL DO LIVRO INFANTIL
É amanhã. A convite da DGLAB - Direcção-Geral do Livro, dos Arquivos e da Biblioteca, o cartaz deste ano foi desenhado por Ana Biscaia, vencedora do último Prémio Nacional de Ilustração.
[Ontem, no programa Praça da Alegria, estive com a Ana Biscaia a falar sobre o livro para crianças. É logo no início do programa, cerca de dez minutos de conversa: http://www.rtp.pt/play/p1057/e149375/praca-da-alegria-ii. O link foi enviado por cortesia de Ana Evaristo.]
OBVIAMENTE, DISCORDO
Tropecei há pouco neste texto do Fábulas de Leitura e fiquei abismada. Não sei se se trata de um assumido guilty pleasure ou se a autora do blogue, nascida em 1981, faz questão de ignorar qualquer interpretação histórica e ideológica da obra de Odette Saint-Maurice. Chamar-lhe «um tesouro nacional desconhecido das gerações mais novas» seria apenas anedótico, se não fosse um insulto à inteligência e à memória de um país que passou por 48 anos de ditadura (e ainda não recuperou). Andei à procura da crónica que publiquei na LER de Setembro de 2011, aquando da inexplicável reedição desta obra serôdia e inane, mas não a encontrei. Deixo um excerto de um artigo mais recente, publicado no Le Monde Diplomatique, onde cito precisamente a figura e o livro em causa. E não, isto não é uma questão de opinião. É mais sério do que isso.
(...)
O paternalismo (ou maternalismo) do adulto que
quer partilhar a sua «criança interior» foi, noutra época, o do «adulto
exterior», mais preocupado com o amor à Pátria do que com o amor-próprio.
Falamos da época «da mocidade que se dirigia valorosa e radiante para o dia de
amanhã», quando as «pessoas da melhor sociedade» se cruzavam com outras,
«acanhadas, mas com um ar feliz que nada igualava»; e o mundo se dividia entre
«os que estavam muitíssimo bem vestidos e os que apenas vinham decentes e
asseados».
Não são páginas da revista O Mundo Ilustrado, por onde alegremente
se passeava o jet-set dos anos 1950, mas de Um
Rapaz às Direitas, de Odette de Saint-Maurice (1918-1993), recentemente
reeditado. A fechar o livro, uma nota biográfica: «À literatura juvenil, de que
foi uma das mais notáveis cultoras, dedicou o melhor do seu trabalho, que um
critério elevado e uma feição sadia definem e impõem.» Enigmático.
O tema da distinção de classes, com o seu
séquito de virtudes bem constituído – o dever, a caridade, a docilidade, o
patriotismo... –, marcou profundamente a produção literária para a infância e
juventude em Portugal, em particular no género da novela de costumes, de que Odette
de Saint-Maurice foi, sem dúvida, «uma das mais notáveis cultoras». Porque
legitimado pela função educativa desde a sua génese, o livro para crianças sempre
foi permeável à moral e às ideologias políticas vigentes, tornando-se
facilmente um veículo de instrumentalização.
(...)
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