segunda-feira, 2 de novembro de 2015

A CASA DO SENHOR MALAPARTE


Uma casa controversa para um escritor controverso. «O senhor chamado Malaparte era escritor. Escrevia. Diz-se que, para escrever melhor, procurou uma ilha num lugar distante. A ilha chamava-se Capri.» O escritor de quem se fala é, evidentemente, Curzio Malaparte (1898-1957), um caso incómodo de apropriação e oportunismo ideológico, tão cedo apologista da Itália de Mussolini como militante tardio do Partido Comunista Italiano. O texto de Joana Couceiro é, no mínimo, simpático para o homem que chamou a Hitler «uma mulher» e que escreveu alguns parágrafos de dar a volta ao estômago, rendido ao que parecia ser um fascínio compulsivo pela crueldade... mas essa é outra história. Importa sublinhar que A Casa do Senhor Malaparte inaugura uma prometedora colecção denominada Casas com nome e é quase um projecto de autor, ou de autores. Foi recentemente publicado pela associação cultural portuense Circo de Ideias, fundada «com o objectivo de promover a divulgação e o estudo da arquitectura através da edição e produção de livros, exposições e debates». Com ilustrações de Mariana Rio (em páginas duplas que se adequam à opção pelo grande formato), desdobram-se aqui formas angulares e geométricas, sempre dominadas pela alternância de cores: «Malaparte é azul, é casa estranha, é animal a hibernar, é barco à deriva.». Gostámos muito. Qual será a próxima casa deste novo bairro habitado por livros?

(A primeira imagem foi retirada do blogue Hipopótamos na Lua, que mostra o livro por dentro, como habitualmente. Vejam mais aqui.)

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