terça-feira, 21 de junho de 2016

LEITURAS DE FÉRIAS, 1: OS LIVROS DA SELVA


Mogli, o filhote de homem cujas origens não ficam totalmente esclarecidas, é criado com o Povo Livre, os lobos, e recebe os ensinamentos da Lei da Selva sob a orientação de dois animais-mestres: Balu, o urso-pardo, e Baguera, a pantera negra. Mas nem estes nem o seu pai-lobo e velho líder da alcateia conseguem salvá-lo de ser rejeitado pelo Conselho dos Animais. O menino-lobo regressa à aldeia, onde é tratado por «fedelho mendigo» e obrigado a aprender usos e costumes que lhe parecem «inúteis e aborrecidos», sem fazer «a menor ideia das diferenças que as castas estabelecem entre os homens». Contrariando a moral repressiva do sécculo XIX, Kipling adopta claramente o ponto vista da criança perdida entre as leis dos adultos, o que é louvável. Condenado a viver a sua dualidade animal e humana, Mogli canta: «Ambas estas coisas dentro de mim combatem, como as cobras lutam na primavera. Corre-me água dos olhos, embora, ao mesmo tempo, eu ria. Porquê?» Elaborada mas fluente, viva nos diálogos, sempre reflectida, nesta prosa se refletem muitas das questões ecológicas, políticas e filosóficas que estão na ordem do dia. O Livro da Selva e O Segundo Livro da Selva foram publicados, respectivamente, em 1894 e 1895. A reedição é da Relógio d'Água.

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