quinta-feira, 14 de julho de 2016
ELENA FERRANTE PARA CRIANÇAS?
Depois de ler A Praia de Noite, um texto de Elena Ferrante com ilustrações de Mara Cerri, fiquei com muitíssimas dúvidas sobre a sua adequação ao destinatário infantil. Não tenho como tirar a prova, mas não creio que este imaginário mórbido, grotesco e escatológico seja atraente para uma criança. A história da boneca esquecida na praia, pejada de tópicos emocionais ferrantianos (abandono, medo, prepotência, solidão, maldade, desajuste...) provocou-me uma «inquietação incómoda» a partir do momento em que me imaginei a lê-lo para uma criança ou a lê-lo enquanto eu-criança. Sem pôr em causa a qualidade literária, evidentemente (ferrantiana me confessei neste post do Jardim Assombrado), o problema é que vamos encontrar A Praia de Noite na secção infantojuvenil das livrarias... e enquanto não se assumir a viabilidade de um escaparate denominado «livros ilustrados para adultos», ou algo parecido, estamos expostos a este tipo de equívocos. Aliás, muito comuns.
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