Se excluirmos o merchandising e algumas
adaptações simplificadas, como é a tendência editorial das últimas décadas (o
caso de Enid Blyton é um dos mais visíveis e desgostantes), há muito tempo que Beatrix
Potter andava sumida dos escaparates. A coleção Pedrito Coelho, publicada pela
Verbo no início da década de 1990, é quase uma relíquia; já fazia falta uma edição
que preenchesse esse vazio de forma sistemática.
Até ao final de 2016, a Pim! Edições, chancela
resultante da parceria Europress/Ponto de Fuga, vai publicar mais três volumes
dos contos de Beatrix Potter (1866-1943), aproveitando o embalo das
comemorações dos 150 anos do seu nascimento. O primeiro tomo saiu neste verão,
contando com seis das 23 histórias de animais antropomorfizados, tal como foram
lidas entre 1902 e 1930. Não é um trabalho feito ao acaso. À nova tradução de
Eugénia Antunes e Paulo Rêgo soma-se o cuidado posto na opção por capa flexível
e formato reduzido, a pensar nas «mãos pequenas» das crianças, como desde o
início pretendeu a autora.
A tradução dos textos canónicos da
literatura para a infância é uma questão inesgotável, pelo menos enquanto
houver clássicos a entrar no domínio público e, logo, a possibilitar várias versões
do mesmo texto. Resta saber que leitores beneficiam com essas versões reescritas
por outros autores, a partir do momento em que o texto original é cortado e
simplificado, quer na sua estrutura sintática e vocabular, quem nas suas crescentes
camadas de interpretação.
(...)
[Mais na próxima edição da LER, que deve estar quase, quase aí a chegar...]
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