quinta-feira, 13 de abril de 2017

DEDICATÓRIA


SABES, EU GOSTO DE TI

acho-te tão meiga e ligeira -
teus olhos tão cheios de luz,
gosto de ti, gosto de ti.

E o teu nariz e cabelos e boca,
teus olhos e teu pescoço querido
onde na gola da tua roupa
tens teu ouvido escondido.

Sabes, gostava imenso de ser
tu, mas isso não pode ser,
a luz envolve-te, a gente é
simplesmente aquilo que é.

Ai sim, gosto de ti,
gosto tanto e tanto de ti,
Gostava de dizê-lo por completo -
Mas não o consigo em concreto.

(Herman Gorter, in Uma Migalha na Saia do Universo - Antologia da poesia neerlandesa do século vinte, ed. Assírio & Alvim, 1997. Tradução de Fernando Venâncio.)

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