sexta-feira, 12 de dezembro de 2008

O FILME DO COSTUME


As ruas de Lisboa cheias de carros, mesmo ao fim-de-semana. As musiquinhas natalícias de aeroporto a tocar em todo o lado. As pessoas ainda mais impacientes e vulneráveis do que nos outros dias. Os prazos de fecho das revistas enlouquecidos. A conversa mentirosa do costume, “este ano não ofereço nada, está bem?” Os caixotes do lixo ainda mais cheios e as bolsas mais vazias. As convenções hipócritas da solidariedade sazonal. Os discursos institucionais de circunstância. O perigo acrescido de andar nas auto-estradas. A impossibilidade de escapar às conversas em família. O gigantesco bolo-rei ou o presépio da terrinha não sei das quantas que querem entrar para o Guinness. Os livros que se compram porque já vêm embrulhados com um laçarote piroso. Talvez isto soe a heresia para muita gente, mas acho o Natal e a respectiva ressaca uma seca e uma canseira. Só quero que chegue o dia 2 de Janeiro de 2009. Para quê? Logo se vê.

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