Oswald e o Fim do Mundo, de Andrew Strong, é um daqueles livros cuja capa, porventura demasiado infantil, pode afastar um destinatário adolescente ou pré-adolescente, capaz de tirar maior partido da multiplicidade de sentidos e da riqueza de linguagem. Daria uma excelente adaptação cinematográfica pela mão de Tim Burton. O texto que se segue foi publicado na edição de Dezembro da revista LER.
Oswald e o Fim do Mundo
Andrew Strong
Presença
"Mas que maneira de morrer, ser engolido vivo por uma criatura marinha." Começa assim, numa evocação de Pinóquio, a aventura de Oswald com um pai excêntrico e perturbado – ou, tal como aquele o descreve, "um trapaceiro barbudo, louco e mentiroso, um vigarista absurdo". Não é comum ver figuras parentais retratadas de modo quase implacável, mas essa é apenas uma das originalidades de Oswald e o Fim do Mundo. Outra, são os cenários de Idlegreen, provavelmente inspirados pelas vivências do autor, que diz habitar "no meio de nada", no País de Gales. Idlegreen é uma espécie de Terra do Nunca distópica, onde coabitam figuras prepotentes e ridículas, famílias disfuncionais e grupos subversivos. Herói hesitante, Oswald resiste ao papel de messias pré-apocalíptico, numa história que é afinal uma parábola social sobre o confronto do espírito humano com a crença e o medo. Menos claro é o destinatário do livro. Andrew Strong escreve muito bem, a tradução competente de Jorge Freire ajuda, mas as longas descrições e o ritmo da narrativa podem cansar um leitor mais infantil. Já os fãs de Tim Burton, Neil Gaiman ou Lemony Snicket sentir-se-ão em casa.
Oswald e o Fim do Mundo
Andrew Strong
Presença
"Mas que maneira de morrer, ser engolido vivo por uma criatura marinha." Começa assim, numa evocação de Pinóquio, a aventura de Oswald com um pai excêntrico e perturbado – ou, tal como aquele o descreve, "um trapaceiro barbudo, louco e mentiroso, um vigarista absurdo". Não é comum ver figuras parentais retratadas de modo quase implacável, mas essa é apenas uma das originalidades de Oswald e o Fim do Mundo. Outra, são os cenários de Idlegreen, provavelmente inspirados pelas vivências do autor, que diz habitar "no meio de nada", no País de Gales. Idlegreen é uma espécie de Terra do Nunca distópica, onde coabitam figuras prepotentes e ridículas, famílias disfuncionais e grupos subversivos. Herói hesitante, Oswald resiste ao papel de messias pré-apocalíptico, numa história que é afinal uma parábola social sobre o confronto do espírito humano com a crença e o medo. Menos claro é o destinatário do livro. Andrew Strong escreve muito bem, a tradução competente de Jorge Freire ajuda, mas as longas descrições e o ritmo da narrativa podem cansar um leitor mais infantil. Já os fãs de Tim Burton, Neil Gaiman ou Lemony Snicket sentir-se-ão em casa.
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