Maria do Carmo Vieira, professora de português desde 1975 e um dos membros fundadores do Projecto Literatura e Literacia, tem sido uma voz persistente e incómoda na defesa da literatura nos curricula escolares. Está prestes a sair um livro que sintetiza algumas das suas perspectivas quanto ao lugar da literatura na aprendizagem, justamente intitulado A Arte, Mestra da Vida – Reflexões Sobre a Escola e o Gosto pela Leitura (ed. Quimera). A última edição do Jornal de Letras fez uma antevisão da obra e lançou algumas questões a que Maria do Carmo Vieira responde com a lucidez que lhe é habitual. Sem paninhos quentes (sublinhado meu):
“A Escola actual valoriza devidamente a literatura?
Deixou de valorizar a literatura… Apresentá-la dissociada da língua ou pô-la a par do texto informativo ou pragmático é um ultraje. A literatura é uma arte. Aliás, o título do livro, A Arte, Mestra da Vida, é retirado de um texto de Fernando Pessoa. Tenho cada vez mais convicta consciência de que não se quer fazer os alunos conviver com o que é belo e, sobretudo, não se quer que eles pensem. Basta ver os textos da OCDE sobre Educação para se sentir que está tudo organizado no sentido de dividir as pessoas nos que mandam e decidem e nos que obedecem sem pensar. Daí eu achar que a Escola está a perder esse papel milenar de formar para a vida e está antes a formar escravos.”
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