sexta-feira, 18 de dezembro de 2009

ESTRANHOS QUE ENCONTRAMOS


Achei este livro nos saldos da BD Mania, livraria de Lisboa que visito muito menos vezes do que gostaria, por razões que facilmente se adivinham. Mesmo desconhecendo 95 por cento dos autores, a ideia atraiu-me imediatamente: um livro de histórias inventadas a partir de velhos postais – esses sim, verdadeiros, com selo e carimbo dos correios e letra manuscrita no verso. E, no entanto, a leitura foi algo decepcionante, não tanto pela qualidade gráfica, que não sei avaliar, mas pela tristeza sem redenção que atravessa as 16 histórias, quase sem excepções. Tristeza, luto, angústia, insanidade, desilusão, morbidez, indiferença, até o puro terror; um concentrado de digestão difícil. Confesso que não consegui ler mais do que dois ou três argumentos seguidos, com algum tempo de intervalo entre eles. Jason Rodriguez, o organizador do livro e responsável pela selecção dos autores, admite no posfácio que "tudo o que via nos postais era a morte". Tem graça. Também tenho um fascínio por velhos postais usados, mas procuro sempre neles a sugestão de uma vida muito mais promissora do que a minha. É fácil, de resto.

1 comentário:

silvio silva disse...

a morte é uma inevitabilidade infeliz que o nosso construtor nos deixou. contra isso, nada podemos abraçar para a alterar; nem mesmo dizer só verdades, sem omissões, alteraria o rumo final. mas temos sempre tempo de a esquecermos na adolescência com sorrisos rasgados...