sexta-feira, 23 de julho de 2010

COMO EU ESTOU, TU ESTARÁS


Ainda a propósito do livro de Neil Gaiman e deste post, vale a pena registar um elemento que percorre toda a narrativa, a saber: a caracterização das personagens mortas (The Graveyard Book, pois então…) a partir das respectivas inscrições nas lápides, plenas de charme retro e de um finíssimo humor negro. Por exemplo:

- Dr. Trefusis (1870-1936, Que desperte na glória)
- Menina Liberty Roach (O que ela gastou perdeu-se, o que deu permanece com ela para sempre. Leitor, sê caritativo)
- Digby Poole (1785-1860, Como eu estou, tu estarás)
- Thackeray Porringer (1720-1734, filho do anterior)
- Menina Euphemia (1861-1883, Ela dorme, sim, mas dorme com os anjos)
- Thomas R. Stout (1817-1851, Chorado com tristeza por todos quantos o conheceram)
- Alonso Tomás Garcia Jones (1837-1905, Viajante, pousa o teu
bordão)

E o meu preferido:

- Menina Letitia Borrows, Celibatária desta Paróquia (Que não fez mal a homem algum em todos os dias da sua vida. Leitor, podes dizer o mesmo?)

Autênticas ou forjadas, é mais do que provável que Gaiman tenha tido ajuda neste processo de investigação; mas quem gosta de perscrutar cemitérios sabe que, em matéria de dedicatórias post-mortem, a realidade tende a superar a ficção.

Sem comentários: