No lado direito deste blogue há uma etiqueta intitulada “Nova Zelândia”, porventura estranha no meio da nuvem de palavras que revelam as preferências de quem o escreve: “Livros”, “Ilustração”, “Bibliotecas”, “Promoção da leitura”, “Escritores”, “Jornalismo” e outras que tais. Está ali porque um blogue é também uma espécie de diário gráfico para os destituídos do talento de desenhar, e que ainda assim gostam de organizar os dias valendo-se de imagens registadas por outros, sem que grande mal advenha disso – a não ser, talvez, uma atitude permissiva em relação aos direitos de autor. Dito de forma mais simples, está ali porque é importante. Porque a Nova Zelândia incorpora o meu imaginário geográfico e o meu conceito de “lugar seguro”, como tentei explicar neste post.
Nos últimos dias, chegaram notícias do sismo que abalou Christchurch, a maior cidade da ilha sul da Nova Zelândia – que, talvez não seja inútil lembrar, são os nossos exactos antípodas. Simbolicamente, é uma ideia fortíssima. Do ponto de vista geológico, não sei – e creio que ninguém sabe – que implicações terá para Portugal e para a estabilidade das ingovernáveis placas tectónicas. Abalados e ingovernáveis andamos nós, de resto. A avaliar pela ausência de comentários no Público online – um barómetro das volúveis pulsações colectivas –, o sismo da Nova Zelândia não é notícia que importe muito. Não tem impacto directo nas nossas vidinhas. Não tem a dimensão de tragédia e do horror do sismo que destruiu o Haiti. A distância geográfica e o conforto civilizacional (“é um país decente, sem corrupção, a coisa há-se compor-se…”) geram uma relativa indiferença para com o número de mortos e desaparecidos – que ultrapassam as três centenas, neste momento. E, depois, há aquele consolo tão pouco humanitário – mas, ainda assim, tão humano na sua desculpabilização – que os media se encarregam de repetir ad nauseam: “Não há notícias de portugueses entre as vítimas.”
Enquanto jornalista, confesso ter sérias dúvidas quanto à pertinência da maior parte de notícias catastróficas que a agenda mediática nos impõe, todos os dias. Mas não quero parecer cínica. Se tenho evitado ver imagens do sismo que destruiu Christchurch, é apenas porque amo demasiado esta cidade, se é que se pode amar demasiado alguma coisa. No dia em que esta fotografia foi tirada, em Janeiro de 2004, eu fazia 35 anos e estava “estupidamente feliz”. Com este já vão dois lugares-comuns. Fico-me por aqui, que este post já vai longo e não me está a sair muito bem. Entre ser cínica ou sentimental, venha o diabo e escolha.
Nos últimos dias, chegaram notícias do sismo que abalou Christchurch, a maior cidade da ilha sul da Nova Zelândia – que, talvez não seja inútil lembrar, são os nossos exactos antípodas. Simbolicamente, é uma ideia fortíssima. Do ponto de vista geológico, não sei – e creio que ninguém sabe – que implicações terá para Portugal e para a estabilidade das ingovernáveis placas tectónicas. Abalados e ingovernáveis andamos nós, de resto. A avaliar pela ausência de comentários no Público online – um barómetro das volúveis pulsações colectivas –, o sismo da Nova Zelândia não é notícia que importe muito. Não tem impacto directo nas nossas vidinhas. Não tem a dimensão de tragédia e do horror do sismo que destruiu o Haiti. A distância geográfica e o conforto civilizacional (“é um país decente, sem corrupção, a coisa há-se compor-se…”) geram uma relativa indiferença para com o número de mortos e desaparecidos – que ultrapassam as três centenas, neste momento. E, depois, há aquele consolo tão pouco humanitário – mas, ainda assim, tão humano na sua desculpabilização – que os media se encarregam de repetir ad nauseam: “Não há notícias de portugueses entre as vítimas.”
Enquanto jornalista, confesso ter sérias dúvidas quanto à pertinência da maior parte de notícias catastróficas que a agenda mediática nos impõe, todos os dias. Mas não quero parecer cínica. Se tenho evitado ver imagens do sismo que destruiu Christchurch, é apenas porque amo demasiado esta cidade, se é que se pode amar demasiado alguma coisa. No dia em que esta fotografia foi tirada, em Janeiro de 2004, eu fazia 35 anos e estava “estupidamente feliz”. Com este já vão dois lugares-comuns. Fico-me por aqui, que este post já vai longo e não me está a sair muito bem. Entre ser cínica ou sentimental, venha o diabo e escolha.
2 comentários:
Nas noticias que passaram por várias vezes e em vários meios Christchurch foi considerada a 2ª cidade da Nova Zelândia...depois de Welligton e Auckland das duas uma: Ou somos tão maus a matemática que já nem até 3 sabemos contar ou alguém anda muito distraido e todos fazem copy/paste...
de qualquer modo a livraria fica aqui http://www.childrensbookshop.co.nz/
Bem lembrado. Christchurch é a terceira cidade mais importante da Nova Zelândia, depois de Wellington (a capital) e Auckland (a mais populosa). Acredito mais na hipóte copy and paste. Obrigada pelo link. :-)
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