Ainda a propósito do colóquio internacional sobre Sophia de Mello Breyner Andresen, que decorreu recentemente em Lisboa. Este post já vem tarde, mas não posso deixar de registar a minha perplexidade pela ausência de qualquer comunicação exclusivamente consagrada “aos chamados contos para crianças” de Sophia, como se lhes referiram, várias vezes, alguns dos oradores convidados. No meio de um programa intenso, com 31 comunicações temáticas e uma mesa-redonda final, será que não houve interesse de ninguém em explorar uma das dimensões mais conhecidas e lidas da obra de Sophia? Minto: houve a comunicação de Perfecto Cuadrado, cujo título não deixava antever o seu conteúdo (“Cantar, contar, reinventar a Arcádia”), mas a densidade da análise merecia uma cadência de leitura mais pausada e, porventura, o enquadramento noutro painel. Pois é. Isto de levar as criancinhas a ler mais é muito bonito, mas quando se trata de passar à indispensável legitimação – académica, institucional, jornalística, etc. –, aí é que a porca torce o rabo. Quanto ao resto: gostei muito. Quero mais. E, como sou pelo establishment, folgo em ver que a Gulbenkian mantém a tradição de ter a cafetaria encerrada ao vulgo, abrindo apenas durante os intervalos das sessões, de modo a permitir a formação daquelas filas quilométricas propícias ao saudável gregarismo convivial. O café custou-me um euro.
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2 comentários:
Pois se se refiram aos contos que Sophia escreveu para os seus pequenotes como "os chamados contos para crianças" e´porque no seu douto entender o não são...Logo, para quê, porquê, para quem falar deles numa comunicação? Menoridades...
Quanto ao café e à fila...também concordo: é gratificante!!!
Olá Carla!
Pois, é uma constatação interessante. Aliás, se formos a ver bem, acontece sempre o mesmo em relação à obra destinada a crianças dos "grandes" autores. Quem se lembra, além dos estudiosos da LIJ, dos textos para crianças do Eugénio, da Ana Luísa Amaral, do Agualusa, do Mia Couto, da Agustina, da Lídia Jorge, do Urbano Tavares Rodrigues, do Saramago, do Lobo Antunes, do Mário Cláudio, da Hélia Correia e de tantos outros. Abraço
Ana Margarida Ramos
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