Publicada em 1863, numa crítica implícita à
Revolução Industrial, a obra maior de Charles Kingsley faz parte do cânone da
literatura para crianças. Um «conto de fadas para um bebé terreno», chamou-lhe
o autor, apresentando o seu herói na primeira frase: «Era uma vez um pequeno limpa-chaminés
que se chamava Tom.» O que começa por soar como uma intriga
dickensiana (as aventuras de Oliver Twist
tinham surgido três décadas antes), reveste-se de contornos mágicos quando
aparece uma certa figura feminina: a mulher irlandesa que se revelará como «a rainha
de todas as fadas, e talvez do que está para além delas». Ao imprimir a sua
subjetividade e expor uma visão do mundo em que se cruzam as ideias do
Socialismo Cristão, do misticismo das folktales
e da fé nas conquistas da ciência, Kingsley produziu uma obra tão excêntrica
como ele: um homem capaz de acreditar, simultaneamente, nas teorias revolucionárias
de Darwin, de quem era amigo, e ser capelão da devota Rainha Victoria. Sem
reprimir um exorbitante e arrevesado simbolismo, bem como comentários críticos
aos seus contemporâneos e muitas deambulações filosóficas, Os Bebés da Água leva-nos por caminhos intrigantes, em que as notas
do tradutor Júlio Henriques fornecem pistas valiosas. Uma edição da Tinta-da-China.
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1 comentário:
Olá Carla,
Gosto das suas sugestões de leituras de férias.
Este especificamente não conhecia. Parece muito interessante.
Boas leituras
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