quinta-feira, 27 de outubro de 2016

VAMOS COMPRAR UM POETA? VAMOS!



Imagine-se um mundo onde poetas e artistas inspirassem medo. Novela para todas as idades ou retrato do poeta enquanto jovem cão, nada se exclui. Afonso Cruz assinou o Scrapbook da LER de Verão, uma coluna onde se pretende cruzar o trivial com o essencial, sem nunca ultrapassar os 1200 caracteres. Ora (re)leiam:

CMA: Vamos Comprar um Poeta é uma novela distópica ou realista?
AC: Não são sinónimos?

CMA: Gostaria que este livro fosse lido por quem?
AC: Por toda a gente, claro. Há sempre a legítima esperança de chegar a pessoas que sabem ler, mas que (ainda) não são leitoras. Por vezes faz-se alguma confusão entre uma coisa e outra. Aprender a ler é um trabalho mais ou menos confinado no tempo, mas ser leitor é um trabalho eterno. É sempre possível interpretar melhor, é um processo inesgotável.
A cultura tem um papel muito importante a todos os níveis, ontologicamente e teleologicamente, por isso espero que nunca seja demais sublinhar isso. Tenho pena de que, por vezes, os próprios agentes culturais desprezem a profundidade que lhe é inerente e digam coisas como «a ficção é um escape para uma realidade difícil». Acho que é muito mais do que isso. A ficção constrói toda a realidade. Todo o futuro humano depende dela.

CMA: Quando usou a palavra «debalde», imaginou-a meio cheia ou meio vazia?
AC: No contexto, vazia. Mas acredito que terá a sua ressurreição, enquanto vocábulo em desuso, em relação a direitos humanos, democracia, justiça social.

(Mais sobre Vamos Comprar um Poeta aqui.) 

Sem comentários: