quarta-feira, 24 de maio de 2017

A MÃE É A MÃE É A MÃE



As distâncias deixam tombar os cabelos
das mães, despojadas formigas
cegas recolhem-nos metodicamente
como velhas raízes de memórias,
um corpo cortado, um corte surdo,
borboletas níveas, primaveras níveas
(como será a incisão, a garganta aberta?)
em que se desvanecem as flores da noite,
o silêncio é um corpo-a-corpo com a sorte
e o verbo um corpo-a-corpo com Deus.

(...)

João Rasteiro, in A rose is a rose is a rose et coetera, Edições Sem Nome, 2017.

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