Uma releitura de Onde
Vivem os Monstros, de Maurice Sendak, com ilustrações de Maria Bouza Pinto,
é o risco assumido de Monterroso (ed.
Máquina de Voar). Segue-se a minientrevista a João Ferreira Oliveira, jornalista e escritor, publicada na última edição da LER, secção «Scrapbook», onde escritores, ilustradores, editores, livreiros e outros intervenientes do circuito da LIJ (literatura infantojuvenil) falam, meio a sério, meio a brincar, do seu processo criativo:
JFO: Literatura sem risco é uma redação. Há autores que parecem ter escrito tudo e não deixam espaço para mais nada, outros há (os grandes) que colocam todo um novo mundo à disposição de quem vem a seguir. Monterroso escreveu aquele que é considerado o mais pequeno conto de sempre: «Quando acordou, o dinossauro ainda estava lá». Sendak ilustrou como ninguém os monstros que vivem na cabeça de uma criança. Achei que se dariam bem no mesmo livro.
CMA: Os pais de Monterrosso andam à procura do filho. O tempo está mau para a navegação familiar?
JFO: Os tempos nunca são fáceis para a navegação familiar. Em todas as épocas e em todas as casas há tempestade. Mas enquanto há vida, há bonança.
CMA: «O teu filho desapareceu e tu vais ler?», diz o pai. Costuma tomar nota de frases estranhas?
JFO: Se não forem estranhas para quê tomar nota? «Na Selva viveu uma vez um Macaco que queria ser um escritor satírico.» É o começo de um conto de Augusto Monterroso. Nem sequer é para crianças, mas faz-nos querer brincar com as palavras.
(Fotografia tirada do site do CCB, onde Monterroso foi tema para uma oficina para crianças.)
Sem comentários:
Enviar um comentário