domingo, 7 de junho de 2009

A CRÍTICA DA CRÍTICA, 1


Existe, em Portugal, crítica literária ao livro infanto-juvenil? E a quem interessa, em primeiro lugar? Aos pais, aos professores, aos educadores, aos bibliotecários, aos estudiosos, aos leitores em geral? A todos estes, menos ao destinatário principal dos livros – ou seja, as próprias crianças? Como pode a crítica, muitas vezes reduzida à mera divulgação de títulos e textos de contracapa, desligar-se da função utilitária/educativa que historicamente está associada à literatura infantil? Questões em debate na última sexta-feira, na Biblioteca Municipal de Estarreja, onde todas as atenções estavam viradas para a campanha eleitoral que se fazia sentir mesmo ali ao lado.

Ainda assim, cerca de duas dezenas de pessoas deslocaram-se para ouvir os intervenientes do debate: Miguel Gouveia e Isabel Minhós Martins, da editoras Bruaá e Planeta Tangerina, respectivamente; Sérgio Letria e Andreia Brites, os incansáveis “bichos dos livros” que devoram quilómetros de terra para falar e mostrar livros a quem se interessa (e, pior, a quem não se interessa); e, por fim, uma convidada apresentada como “jornalista e crítica literária” que chegou lamentavelmente tarde... Os presentes aguardaram com paciência bíblica a aparição da dita pessoa, que tem neste momento em casa uma ficha de sugestões/reclamações da CP, com vista a inquirir as razões do atraso de 50 minutos do comboio Lisboa-Porto e, eventualmente, ser ressarcida dos danos causados à sua imagem. Com gente desta, dizemos nós, é óbvio que não se podem levar a sério os “livros de criancinhas”, como também há quem avise.

(Obrigada aos blogues Letra Pequena e Cadeirão Voltaire pela divulgação do debate “A Crítica da Crítica”, incluído no 2º Encontro de Literatura Infanto-Juvenil organizado pela Biblioteca Municipal de Estarreja, a quem também agradeço o convite.)

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