Com
minhamãe (assim mesmo, em minúsculas e sem espaços), a dupla Eugénio Roda/Gémeo Luís prossegue um discurso estilístico inconfundível, já consagrado com o Prémio Nacional de Ilustração 2005 e outras distinções. Mesmo escolhendo um tema que nunca sai da agenda, era de esperar que estas mães Eterogémeas não se confundissem com outras quaisquer. Por exemplo: «a mãe brinca com o fogo para iluminar o caminho.» Ou: «a mãe desce aos invernos para derreter a neve.» Ou ainda este, belíssimo: «o primeiro filho dá à luz a mãe.» Os textos breves, aforísticos, assentam no poder da metáfora e da metonímia, gerando facilmente efeitos de antítese («ao braço de ferro, a mãe responde com mãos de fada»), de paradoxo («o ouvido absoluto da mãe alimenta-se da surdez») e até de ironia («o negócio da mãe é abrir filiais.»). Em livre associação ao texto, Gémeo Luís envolve as figuras maternais nos seus próprios cenários, em silhuetas de papel recortado com bisturi que ilustram o texto traduzido (na mesma página) para sete línguas: inglês, francês, espanhol, italiano, alemão, holandês e grego. Porque a linguagem das mães não tem fronteiras.
minhamãe
Eugénio Roda
Ilustrações de Gémeo Luís
Edições Eterogémeas
(Texto publicado na LER nº 114. Gémeo Luís,
nom de plume de Luís Mendonça, ganhou o Prémio Nacional de Ilustração com o livro
O Quê Que Quem, também com texto de Eugénio Roda.)
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