segunda-feira, 24 de junho de 2013
sexta-feira, 21 de junho de 2013
RIDERS ON THE STORM
Na
última Feira do Livro de Lisboa, comprei, ao preço da chuva, meia dúzia de
edições originais da Abril, editora brasileira que nos anos 70 publicava a
banda desenhada do nosso contentamento. Zé Carioca, O Pato Donald, Mônica,
Cebolinha, Os Monstrinhos, Luluzinha, Disney Especial... Achei até uma raridade
de 1976: uma banda desenhada de Li’l Abner, o hillbilly americano criado por
All Capp durante a Grande Depressão, que chegou cá com o nome Ferdinando
Buscapé (quem se lembra?).
Emocionante,
mesmo, foi reencontrar algumas páginas de publicidade que naquele tempo
mostravam que o Brasil já estava muito à frente, enquanto nós gramávamos os
anúncios da margarina Planta. Esta, dos jeans Staroup, era absolutamente fascinante, na sua sugestão de liberdade e sensualidade inocente (ou não) que por cá só
encontrava paralelo – numa perspectiva didáctica – na famosa Enciclopédia da
Vida Sexual, da Verbo. Imagino que as doutas consciências a achem politicamente
incorrecta, tal como o slogan: “Agora criança também pode.” Para mim, foi todo um
imaginário que se acendeu.
quinta-feira, 20 de junho de 2013
RAINHA TODOS OS DIAS
Embora atrasada, eu sei, não quero deixar de lembrar que a primeira edição do Prémio Manuel António Pina, criado este ano pela editora Tcharan, foi para o livro A Rainha dos Estapafúrdios, de José Eduardo Agualusa (texto) e Danuta Wojciechowska (ilustrações). Parabéns a ambos! Aqui fica a crítica que escrevi para a LER aquando da publicação:
«Uma das premissas dos
contos tradicionais é que «os maus não são tão maus como parecem, e os bons são
bem piores do que se pensa» (Maria Teresa Meireles). É esse o ponto de partida
de A Rainha dos Estapafúrdios,
história de uma perdigota «gorducha e desajeitada» que consegue livrar-se do
estigma de Patinho Feio e encontrar o seu lugar fora do ninho familiar. Como?
Com astúcia, coragem e muita bazófia, tal e qual o Gato das Botas. Os conflitos
e as provas dos contos repetem-se, mudando apenas cenários e personagens; aqui,
o campo dá lugar à savana, e a hiena e o leão substituem o urso ou o lobo. À
estrutura narrativa de base, José Eduardo Agualusa acrescenta um olhar próprio,
poético e cheio de humor, isso que seduziu os leitores do (já longínquo) Estranhões e Bizarrocos. As cores quentes
e os padrões africanos encontram o seu elemento nas ilustrações de Danuta
Wojciechowska, contribuindo para fazer deste livro um encontro feliz.»
A Rainha dos Estapafúrdios
José Eduardo Agualusa
Ilustrações de Danuta
Wojciechowska
Dom Quixote
terça-feira, 18 de junho de 2013
PORQUE É URGENTE RESISTIR
«Aos quinze anos, Bolota quebra com dedicação e prazer a resistência da água, a cada braçada. E a novela fecha-se com um passo noutra direcção, nascida provavelmente dessa perda, porque a vida se faz vivendo e resistir implica também integrar e mudar. Em algum momento, todos os leitores o sabem, o pressentem. E mesmo que disso não fique memória, não serão exactamente os mesmos. É isso que este livro faz.» Ler o texto completo aqui.
(Um excerto do belíssimo texto que a Andreia Brites escreveu para o lançamento do Irmão Lobo, na Galeria Monumental, em Lisboa, e que levámos no último sábado à Culsete, em Setúbal. Obrigada, Fátima Ribeiro de Medeiros. Obrigada também ao José Teófilo Duarte, pelo convite no post abaixo, e ao Eduardo, Lena e Luís, pelas fotos e pelo resto.)
sexta-feira, 14 de junho de 2013
IRMÃO LOBO CORRE ATÉ SETÚBAL
Amanhã à tarde tenho o prazer de visitar uma das nossas livrarias de referência, que está de parabéns por tudo e também pelo aniversário: a Culsete, em Setúbal. A anfitriã Fátima Ribeiro de Medeiros fará as honras da casa, como é costume. Vão estar também presentes a Andreia Brites, que fez a apresentação do livro na Galeria Monumental e vai explicar "Porque é urgente resistir", e a Isabel Minhós Martins, minha editora na Planeta Tangerina (uau, ainda não tinha escrito "minha editora"). O António Jorge Gonçalves não pode ir (está de férias e bem merece) mas nós deixaremos os devidos elogios. Sei que a concorrência da praia é grande, mas estão todos convidados a passar pela Culsete.
Para vos convencer (espero), deixo aqui alguns dos uivos mais recentes do Irmão Lobo nos media e redes sociais, obviamente com um grande sorriso de contentamento:
Luís Caetano, Antena 2, Última Edição.
Sara Figueiredo Costa, Expresso.
José Mário Silva, LER (o texto está no site do Planeta Tangerina).
Maria do Rosário Pedreira, Horas Extraordinárias.
Sílvia Souto Cunha, Visão.
Maria João Costa, Rádio Renascença, Ensaio Geral (ao minuto 58).
Andreia Brites, revista Blimunda, da Fundação José Saramago.
quarta-feira, 12 de junho de 2013
MANUEL ANTÓNIO PINA EM TESE DE DOUTORAMENTO
sexta-feira, 7 de junho de 2013
UMA LUZ AO FUNDO DO COELHO
Pôr o coelho a correr para que surja uma luz ao fundo do túnel. Eu olho para a capa dupla do último livro publicado pelo Planeta Tangerina (novamente, o ilustrador Bernardo Carvalho a solo) e só consigo fazer esta leitura. Mas claro que não pode ser isso... Não pode. Os livros para crianças não se metem na política. Política é coisa muito séria.
quinta-feira, 6 de junho de 2013
TRABALHAR NA OFICINA
O Teatro do Bairro e o Pato Lógico juntaram-se para preparar o regresso às férias. Nos meses de Junho e Julho, crianças dos seis aos doze anos vão trabalhar para as oficinas. Isto é exploração da criatividade!
terça-feira, 4 de junho de 2013
PIPPI LANGSTRUMP: O DIREITO À INSURREIÇÃO
“Pouco a pouco, os clássicos da literatura para crianças (ou literatura tout court) vão sendo objecto de novas edições mais arejadas. E, no caso em apreço, já tardava. Desde a década de 1970 que não se encontrava facilmente uma tradução da obra que deu origem à série emitida pela RTP, no tempo em que a televisão era a preto e branco. O texto agora vertido para português por Maria do Céu Mascarenhas segue a nova tradução ilustrada pela inglesa Lauren Child, autora de personagens igualmente irrequietas como Clarice Bean – com a qual se estreou em 1999 – e vencedora do prestigiado prémio de ilustração Kate Greenaway. Dificilmente se poderia ter escolhido um nome mais indicado para esta parceria.
Pippi das
Meias Altas (Pippi
Langstrump ou Longstocking) foi a
mais célebre criação da escritora sueca Astrid Lindgren (1907-2002) e,
provavelmente, uma projecção da sua personalidade contestatária e irreverente. «A
morte e o amor são os grandes acontecimentos que as pessoas experimentam»,
afirmou: «Não devemos assustar as crianças, mas elas continuam a necessitar de
serem chocalhadas pela arte, tal como os adultos.»
Quando o livro foi publicado na Suécia, em 1945,
houve receio de que tão livre espírito não fosse capaz de se tornar
suficientemente popular entre os leitores – receio que se revelou infundado, já
que as colecções de Pippi venderam
mais de 145 milhões de exemplares e foram traduzidas em 91 idiomas, segundo
informação da Booksmile, a editora que apostou no regresso desta miúda
excepcional. Em vários sentidos. À luz de certas correntes educativas actuais e
mesmo do senso comum, Pippi é um caso flagrante do «politicamente incorrecto»:
estende massa de biscoitos no chão da cozinha, contrariando as mais elementares
regras de higiene. Entra na escola a trote de cavalo, faz orelhas moucas quando
a professora lhe pede para não a tratar por «tu» e acaba por desestabilizar a
aula com as suas respostas desconcertantes. Quando os bem-intencionados
cidadãos da pequena cidade sueca onde vive decidem que o melhor será interná-la
num lar para crianças, Pippi mostra a sua força hercúlea e pega nos polícias
como se fossem caixas de fósforos.
E, depois, há essa questão incómoda relativa à
ordem familiar: Pippi é órfã e vive sozinha, acompanhada por um cavalo e um
macaquinho, o famoso Senhor Nelson. E acha uma maravilha, «porque assim não
havia ninguém que a mandasse para a cama quando estava a meio de um jogo
fascinante, nem que a impedisse de comer todos os chocolates que lhe
apetecesse» (já estamos a ver várias testas franzidas…). Sardenta, de cabelos
ruivos espetados, um par de meias altas às riscas e de cores diferentes, Pippi
sobreviveu à normalização. Sorte dela. E nossa.”
(Texto integral publicado na edição de Maio da
revista LER, sobre o clássico da escritora sueca Astrid Lindgren, que acaba de
chegar numa nova tradução da Booksmile, ilustrada por Lauren Child.)
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