terça-feira, 8 de setembro de 2015
LEIAM, MAS NÃO INALEM
É triste assistir a isto em qualquer parte do mundo dito «civilizado»; e logo num país progressista como a Nova Zelândia. Um livro para adolescentes e leitores mais crescidos (young adults), distinguido pela crítica e premiado em 2013, está a ser agora retirado das estantes das livrarias, bibliotecas e escolas, por força do lobby de um grupo cristão e conservador que se manifestou contra as referências explícitas ao uso de drogas e ao calão aplicado aos órgãos sexuais, entre outros tópicos «quentes». Interessante. Como se sabe, nestas idades, os miúdos inclinam-se mais para o ponto de cruz, o bricolage e a decoração de bolos festivos... Ted Dawe, o autor de Into the River, professor do ensino secundário há 40 anos, diz que o último livro banido na Nova Zelândia se chamava Como Construir uma Bazuca. «Talvez o conteúdo de Into the River seja uma bazuca apontada à oligarquia da classe média que governa este país», afirma. Da ordem do anedótico: uma especialista em direito dos media declarou ao New Zealand Herald que era «legal ter o livro para seu próprio uso, mas não passá-lo aos amigos». A literatura equiparada ao cultivo de marijuana nas varandas e quintais. Portem-se bem, amiguinhos. Leiam, mas não inalem.
(via Scoop it! - Ana Margarida Ramos)
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3 comentários:
AS razões pelas quais foi retirado o livro, parecem-me muito correctas.
É preciso ver que não é um livro para crianças. Eu penso que tudo deve estar disponível e que, quando se abrem precedentes para censurar livros, o caminho fica livre para todas as arbitrariedades.
Triste, tristíssimo. Perigoso. A liberdade não se pode restringir. Quem quiser compra e lê, que não, não e não vem impor moralidades, cultura, preconceitos, ideias, etc, etc
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