Lançado em 1995 e premiado
como melhor livro infantil do ano pelo New
York Times e Publisher’s Weekly, Zoom, de Istvan Banyai (Budapeste,
1949), é uma viagem pelo mundo às suas múltiplas escalas, cada ilustração
esclarecendo a anterior, numa progressão geográfica e espacial que se desvela na
ampliação do pormenor. No corpo humano existem cinco vezes mais células do que
estrelas na nossa galáxia. Como pensar esta ideia sem experimentar uma sensação
de vertigem? Zoom causa-nos um efeito
semelhante.
Sem texto narrativo, o
percurso é governado pela imagem: desenhos de cores vivas e linhas bem
definidas, remetendo para a matriz da banda desenhada e do cartoon. Tratada graficamente
(um anúncio, uma carta, um selo...), a palavra é apenas usada com um duplo
intuito: situar o leitor num itinerário concreto, de uma avenida de Nova Iorque
até uma praia nas Ilhas Salomão; e providenciar pistas para a compreensão da imagem
seguinte.
Elemento decisivo, sem o
qual se poderia ter caído num exercício de estilo, é a reserva de subjetividade
e estranheza permitida ao leitor. O adolescente que dormita à beira da piscina,
estará doente ou entediado? O ranchero
no deserto do Arizona olha para o televisor ou para a paisagem? Quem escreve
desde a América ao chefe da tribo das Ilhas Salomão? Tantas perguntas... Partir
da observação do mundo para uma visão unificadora da realidade é algo que tem
ocupado místicos, filósofos e artistas; e podemos dizer que neste livro de
Istvan Banyai há um pouco dessas três demandas, tal como nos versos de William
Blake: «Ver o mundo num grão de areia/e um céu numa flor silvestre/ter o
infinito na palma da mão/e a eternidade num minuto.»
Zoom
Istvan Banyai
Kalandraka
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