Em 1924, Pamela Lyndon Travers, aliás Helen
Lyndon Goff, chegou a Londres disposta a reinventar tudo, a começar pelo nome
que lhe foi dado na Austrália, onde nasceu a 9 de Agosto de 1899. A sua
biografia é aventurosa e cheia de incógnitas e bizarrias; como o facto de ter
separado e adoptado um de dois irmãos gémeos bebés – decisão salomónica eticamente
questionável. No documentário que circula no You Tube, o filho adoptivo, Camillus
Travers, fala da mãe com uma fleuma bem cultivada, descrevendo Mary Poppins nesta
frase lapidar: «Ela é bastante parecida com a minha mãe.» Tal como a mulher que
lhe deu origem, ninguém sabe quem é nem de onde vem Mary Poppins, quando num
dia de vento aterra na Rua das Cerejeiras, disposta a cuidar das quatro
crianças da casa. Ela é «a sua própria obra», para usar a máxima de Madame de
Stael («Je suis mon ouvrage.») Ele é única, incomparável, narcisista, excêntrica,
misteriosa, ríspida, presumida e insolente. «Ela é diferente. É a Grande
Exceção», diz o Estorninho. «Quanto aos sentimentos de Mary Poppins», escreve
também P.L. Travers, «ninguém sabia nada, porque ela nunca falava deles». Está
tudo dito. Nada está dito (e é melhor assim). O livro foi originalmente publicado
em 1934 e está editado na colecção de clássicos da Relógio d’Água, com
ilustrações de Susana Oliveira.
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